A apuração conduzida pela Polícia Federal revelou uma conspiração golpista articulada por militares de alta patente após o segundo turno das eleições de 2022. O general da reserva Mario Fernandes, ex-secretário-geral adjunto da Presidência, liderava o grupo que discutia medidas extremas, incluindo um plano para eliminar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Em um dos áudios obtidos pela Polícia Federal e exibido pelo programa 'Fantástico', da TV Globo, o general Fernandes expressa sua postura extremista: “Qualquer solução, caveira, tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, sem quebrar cristais.” Em outra gravação, ele alega fraude eleitoral sem apresentar evidências: “Tá na cara que houve fraude. Tá na cara. Não dá mais pra gente aguardar essa p...”. O conteúdo dos áudios, que circulavam em grupos restritos de militares, evidencia a tentativa de mobilizar as Forças Armadas para desestabilizar a ordem democrática.
Além disso, o general afirmou ter discutido com o então presidente Jair Bolsonaro a possibilidade de barrar a diplomação da chapa eleita. “Qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro. Tudo. Mas aí na hora: pô, presidente. A gente já perdeu tantas oportunidades”, teria dito Fernandes. O tom conspiratório se estendeu a outros integrantes do grupo. Um oficial, também não identificado, declarou: “O senhor me desculpe a expressão, mas quatro linhas é o c... Nós estamos em guerra.”
A investigação concluiu que os acampamentos em frente a quartéis no final de 2022 faziam parte da estratégia golpista. Além disso, informações sigilosas sobre a segurança de Lula teriam sido compartilhadas por Wladimir Matos, agente da Polícia Federal. Ao todo, 37 pessoas foram responsabilizadas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Walter Braga Netto e outros membros do alto escalão do governo anterior.
Entidades como a OAB, AJUFE e AMB se manifestaram em defesa da democracia e das instituições. A OAB destacou a relevância de lideranças políticas se distanciarem de atos violentos, enquanto a AJUFE e a AMB enfatizaram a necessidade de punir com rigor ações que atentem contra o estado democrático de direito.
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