Em entrevista ao "Roda Viva", da TV Cultura, Marcello Brito,
presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), criticou a
política ambiental brasileira e disse que o Brasil está afastando
potenciais consumidores no mercado internacional ao não preservar o meio
ambiente.
"Eu me sinto envergonhado de ser cobrado por gente lá fora de cumprir a nossa lei", afirmou.
A Abag está entre as entidades do setor agroindustrial que divulgaram,
nesta segunda-feira, uma nota em defesa da democracia. A manifestação
ocorreu no mesmo dia do impasse em relação à divulgação de um manifesto
do setor empresarial, capitaneado pela Fiesp, que gerou um racha na
Febraban, com o anúncio da saída de Caixa e Banco do Brasil da
associação.
O texto assinado pela Abag cobra de lideranças brasileiras que se
mostrem “à altura do Brasil” e critica a “politização ou partidarização
nociva”, que tem potencial para agravar os problemas enfrentados pelo
país.
Além da Abag, assinam o texto a Associação Brasileira dos Produtores de
Óleo de Palma (Abrapalma), Associação Brasileira dos Industriais de
Óleos Vegetais (Abiove), Associação Brasileira das Indústrias de
Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), CropLife Brasil, Indústria
Brasileira de Árvores (Ibá), Sindicato Nacional da Indústria de Produtos
para a Defesa Vegetal.
Brito disse que ainda mais entidades poderiam ter participado se não
dependessem do setor público para viabilizar suas atividades econômicas.
"A gente poderia ter muito mais gente assinando o manifesto de hoje e
vários me falaram que gostariam de participar. Mas me falaram
'infelizmente eu preciso me abster'. 'Eu preciso me abster porque a
minha cadeia de abastecimento depende de uma canetada governamental'."
O presidente da Abag criticou o Conselho da Amazônia, liderado pelo
vice-presidente Hamilton Mourão. Disse ter ficado "chateado" com o fato
de o Exército ter prometido manter a força-tarefa contra o desmatamento
até 31 de dezembro de 2022, mas já ter interrompido a operação.
Disse também que os brasileiros ainda não têm a mesma exigência em
relação à origem dos produtos do mercado europeu e que, hoje, o Brasil
está perdendo a competitividade porque os consumidores associam os
produtos do país ao desmatamento e às falhas na política ambiental.
"Enquanto a gente tiver rabo a ser pisado, eles (concorrentes) vão pisar
em cima disso. Então a gente precisa ter consciência de que estamos no
mercado internacional, jogo bruto, pesado. E a competência de acessá-lo é
nossa. e nós estamos tendo essa competência. Perdendo em vários
mercados, e deixando de ganhar a colocação em vários mercados porque a
gente cria no consciente do consumidor algo negativo em relação ao
Brasil."
Evitando juízos diretos sobre o presidente Jair Bolsonaro, disse que em
2022 será feita uma "análise" sobre o futuro que se espera do país.
"Eu digo (para os estrangeiros), no Brasil nós temos eleições da mesma
forma que você tem em seu país. Nesse momento, ele (Bolsonaro) agradou
uma parte do eleitorado dele. Em 2022, a gente vai fazer uma análise de
país, do que a gente espera do Brasil do futuro."
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