Um grupo de 36 empresas, composto por grandes exportadores
de variados setores da economia, se articula para demonstrar ao
governo Bolsonaro
seu temor a respeito das ameaças de perdas internacionais e os boicotes já experienciados, segundo relatos à Folha de S.Paulo
. Alguns empresários relacionam sua perda de receita neste ano com investidores "fugindo" do Brasil.
O governo até sinalizou preocupação recentemente ao promover encontro do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) com investidores
nesta sexta-feira (10), mas o posicionamento negacionista em relação ao
desmatamento segue dando o tom. Mourão minimizou o desmatamento e o
veto de Bolsonaro a projeto que visava garantir água potável, cestas
básicas e materiais de higiena a indígenas porque, segundo o
vice-presidente, "indígena se abastece dos rios"
.
Na prática, portanto, o governo demonstra preocupação
com as perdas econômicas, mas não parece realmente disposto a adotar
política ambiental
menos nociva e, de fato, ouvir as queixas e ameaças de boicotes.Outro ponto que depende de uma postura mais firme do governo federal no combate ao desmatamento é o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) , cujas negociações estão interrompidas, segundo o presidente da França, Emmanuel Macron , justamente por conta do desmatamento no Brasil. A primeira reação do alto escalão foi, em vez de minimizar, inflar os ânimos da discussão. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou Macron de "oportunista" e defendeu que Macron queria, na verdade, proteger o setor agrícola europeu. Ele aproveitou a ocasião ainda para atacar os Estados Unidos, um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Além das ameaças internacionais de boicote, os efeitos práticos já sentidos, segundo empresários, e a adoção da mesma postura de sempre, os dados também são assustadores. Em junho, o desmatamento aumentou pelo 14º mês seguido. O Deter, programa que mede desmatamento na Amazônia quase em tempo real, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), revela que, no último mês, mais de 1.000 km² foram destruídos, a maior área já registrada pelo levantamento, que começou em 2015.
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