Governo quer intensificar negociações com o Congresso


O presidente Jair Bolsonaro deve aproveitar o momento de incerteza em relação à economia para intensificar as negociações com o Congresso. A ideia é apelar para o sentimento de urgência dos congressistas para conseguir tudo o que for possível.
O governo entende que haverá desaceleração econômica por causa do choque do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita, pelo efeito do coronavírus e pela lentidão das reformas no Congresso.

Por conta disso, o governo articula para esta semana uma reunião a sós com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, a respeito do Orçamento impositivo. A expectativa é de que essa reunião possa resultar em uma narrativa em que nenhum dos lados saia perdedor.
A estratégia de Bolsonaro embute 1 certo otimismo. Eis o cenário mais benigno imaginado pelos governistas para os próximos dias:
  • Orçamento impositivo – haverá uma saída para que todos se proclamem vencedores e a temperatura diminua. A solução deve se sustentar na promessa/perspectiva de elevação de receita com as reformas e consequente aumento natural dos valores de emendas liberadas para deputados e senadores;
  • Queda nos juros – o Copom deve cortar a taxa Selic de 4,25% ao ano para 4% em sua próxima reunião, em 18 de março;
  • Reformas em andamento – o Planalto não acredita que o Congresso possa aprovar todos os projetos listados pela equipe de Paulo Guedes nas cartas que foram enviadas nesta 3ª feira (11.mar) para Maia e Alcolumbre. A expectativa é que avancem sobretudo projetos que não dependam de quorum qualificado, como os de independência do Banco Central, lei de falências, marco do saneamento, lei do gás e alguns outros. Isso já serviria para sinalizar a investidores que o Brasil segue no caminho das reformas liberais;
  • Impulso fiscal – está em gestação 1 plano para despejar dinheiro para a população de baixa renda e incentivar o consumo. Essa medida anticíclica deve sair, preferencialmente, depois de alguns projetos de interesse do governo terem sido aprovados. Será algo com o impacto semelhante ao da liberação do FGTS, mas de 1 outro fundo;
  • PPSA e Eletrobras – essas duas empresas são o sonho de consumo do governo para serem privatizadas neste ano. A Pré-Sal Petróleo S.A. valia perto de R$ 200 bilhões antes da desvalorização dessa fonte de energia nos últimos dias.

15 DE MARÇO

Os atos pró-governo marcados para o próximo domingo (15.mar.2020) lastreiam a negociação do governo com o Congresso. As manifestações podem ser mais ou menos ácidas contra Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre; dependendo do que ficar ajustado com os 2, Bolsonaro pode modular o discurso para fazer 1 afago no Legislativo.
O Covid-19, no entanto, coloca em dúvida a potência dos atos. Com o medo da infecção, as manifestações podem acabar esvaziadas. Em Brasília, começou a ser registrado entre bolsonaristas 1 certo temor de que as manifestações possam flopar, com pouco público.