Em alegações finais, defesa de Lula aponta violação em arquivos da Odebrecht

 

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou nesta 5ª feira (27.fev.2020) as alegações finais no processo da Lava Jato relacionado à compra de 1 terreno para o Instituto Lula e o aluguel de 1 apartamento em São Bernardo do Campo.
Os advogados que representam o petista destacam que a própria perícia da Polícia Federal pondera que provas do chamado “setor de operações estruturadas” da Odebrecht podem ter sido adulteradas.
Os arquivos teriam sido apreendidos nos servidores usados pela Odebrecht na Suíça e foram utilizados para sustentar a tese da acusação de que a construtora doou R$ 12 milhões ao ex-presidente como forma de suborno.
A defesa de Lula foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin a produzir 1 laudo complementar. Contratou 1 perito que realizou escrutínio com peritos da PF. Os peritos disseram à defesa de Lula que os sistemas Drousys e Mywebday foram colhidos da construtora e não retirados diretamente dos servidores da Suíça.
“A Odebrecht recebeu [os arquivos] da Autoridade Suíça e ela abriu isso, e mexeu nisso, durante muito tempo isso ficou lá”, disse o perito da PF Roberto Brunori Júnior ao perito contratado pela defesa de Lula. “Os dados são da Odebrecht, eram dela”, completou o técnico da PF.
Para a defesa de Lula, o fato de os arquivos terem ficado por 1 período na construtora viola a cadeia de custódia da prova e, consequentemente, seu uso deve ser anulado e Lula absolvido.
Em resposta, a força-tarefa da Lava Jato no Paraná afirmou que “a Polícia Federal fez meticulosa análise que confirmou a integridade dos sistemas Drousys e Mywebday, que contêm informações sobre pagamentos de propinas feitos pela Odebrecht”.

Nota

Em nota, A APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais) declarou que o laudo  relacionado ao caso que envolve a Odebrecht e Lula foi produzido com base em evidências cuja integridade foi atestada em exames técnicos rigorosos.
Eis a íntegra da manifestação da associação:
“A APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais) esclarece que as conclusões do laudo relacionado ao caso que envolve a Odebrecht e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram produzidas com base em evidências cuja integridade foi atestada em exames técnicos rigorosos.
O laudo sobre o caso é público. Ele afirma que foram constatados arquivos não íntegros nos materiais encaminhados para exames e que esses arquivos foram excluídos das análises que embasaram as conclusões.
Está explícito no laudo que a perícia criminal federal, antes de mais nada, averiguou a integridade dos arquivos para, só depois, seguir com as demais análises, que foram aplicadas apenas aos materiais considerados íntegros.
Os assistentes técnicos das partes são 1 importante instrumento de manifestação do contraditório e da ampla defesa no âmbito da Justiça criminal, devendo sua atuação ser balizada pelos ditames da lei. É preocupante, no entanto, que a atuação do assistente técnico seja usada para descontextualizar afirmações dos peritos oficiais. Esse tipo de atitude prejudica o sistema de Justiça.
Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF)”