Segurança predomina em debate quente entre candidatos a governador do Rio

 

O primeiro dia de campanha eleitoral para o governo do Rio terminou de forma quente com o debate na TV Bandeirantes, repleto de troca de acusações entre os candidatos e intensa discussão sobre segurança pública, um dos temas que mais preocupam a população do estado. Após os ataques, a direção do programa concedeu dois direitos de resposta: a Eduardo Paes (DEM) e a Anthony Garotinho (PRP) e negou três.

Paes foi alvo de tabelinha de seus adversários Garotinho e Indio da Costa (PSD) por seu passado de aliança com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), hoje preso. Ele rebateu lembrando que seus concorrentes apoiaram o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB).

Estreante em debates eleitorais, Romário (Podemos) foi poupado por seus principais adversários.

A única interação direta entre Paes e Romário aconteceu sobre um tema mais técnico: a dívida pública e a dívida ativa do estado. Ironizado pelo ex-prefeito por “não ter respondido” à pergunta, Romário afirmou não ser “especialista em economia”, indicando seu assessor Guilherme Mercês para tratar da área em sua campanha.

É a mesma estratégia adotada pelo candidato a presidente do PSL, Jair Bolsonaro, que costuma delegar ao seu economista Paulo Guedes a elaboração de suas propostas da área.


O debate aconteceu no dia em que se completaram seis meses da intervenção federal na segurança no Rio, tema que predominou. À exceção de Wilson Witzel (PSC), todos se posicionaram de forma contrária à intervenção, que acaba em 31 de dezembro.

Romário concentrou suas propostas para a área no aumento do policiamento ostensivo nas ruas, defendendo o fim de “algumas” UPPs. O senador e Indio da Costa, que é deputado federal, votaram a favor da intervenção no Congresso, mas afirmam que hoje mudaram de ideia.
Eduardo Paes considerou a intervenção “necessária”, defendeu a permanência de forças federais no Rio, mas “sob o comando do governador”. Tarcísio Motta (PSOL) afirmou que a tomada da área de segurança pelo governo federal foi medida eleitoreira do governo Michel Temer e denunciou o que vê como “massacre” da população pobre. Pedro Fernandes (PDT) prometeu multiplicar investimentos em tecnologia, enquanto Marcia Tiburi (PT) destacou a insegurança vivenciada pelos moradores de favela e as más condições de trabalho dos policiais.
Candidato com o maior número de aliados na coligação e recém-saído do MDB de Cabral e Pezão, Eduardo Paes foi o maior alvo no debate. Ex-secretário municipal de Crivella, Indio da Costa fez sua pergunta a Garotinho sobre a Prefeitura do Rio para ambos atingirem Paes. Garotinho afirmou que Paes deixou os cofres municipais vazios porque gastou dinheiro em “ciclovia de papel” e lembrou da prisão do ex-secretário de Obras Alexandre Pinto, enquanto Indio insinuou que havia no governo Paes esquemas de corrupção semelhantes aos do estadual.
SEM SECRETARIA
Em seu direito de resposta, Paes deu a primeira mostra de como pretende rebater os ataques que deverá receber ao longo da campanha:

— Essa dobradinha Garotinho e Indio, ambos secretários do Crivella. O Garotinho é tão irresponsável que levou até a mulher dele para a cadeia numa das três ou quatro vezes que ele foi preso — disse Paes, desferindo ataque em Indio também. — O Indio foi secretário do Cesar Maia, meu secretário, do Cabral, do Crivella. Desta vez não vai ter negociação e secretaria.
A menção à ex-governadora Rosinha rendeu o direito de resposta a Garotinho, que lembrou do candidato de Paes na eleição para a prefeitura em 2016, Pedro Paulo, acusado de agredir sua ex-mulher.
Tarcísio Motta citou outros escândalos do governo Cabral, como a corrupção no setor de transportes, em pergunta a Eduardo Paes. O ex-prefeito exercitou novamente a tentativa de se desvencilhar dos antigos correligionários de MDB, dizendo que “Pezão e Cabral não vão interferir no meu governo, que vai ser bem diferente do deles”.