Prédio na Esplanada está abandonado há três anos e custa R$ 50 mil mensais

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Desocupado, um prédio na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, virou um esqueleto no centro da cidade. Há quase três anos sem receber nenhum evento, o Bloco O, destinado ao Ministério da Defesa, transformou-se em gasto de dinheiro público. As promessas indicavam que o edifício seria modernizado, e que uma licitação seria aberta ainda em 2016, mas nenhuma negociação saiu do papel.

Naquele ano, o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão publicou uma concorrência pública para a contratação da empresa que executaria a reforma do bloco. De acordo com uma nota divulgada pela própria pasta há dois anos, o governo economizaria R$ 11,5 milhões por ano em aluguel. O plano, no entanto, nunca foi pra frente.
O prédio, que tem capacidade para abrigar até 1,7 mil servidores, hoje, não conta com nenhum. Todos eles foram lotados em outros locais alugados pelo governo federal. O problema é que o Bloco O tem gastos. São, ao todo, três postos de vigilância, cujo valor mensal é de R$ 46,5 mil. A energia elétrica custa um valor médio de R$ 2 mil por mês.

Procurada, a pasta informou que a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) negocia com órgãos interessados em ocupar o lugar e realizar a reforma necessária para a instalação. “A expectativa é de que até o fim de agosto a situação esteja definida”, disse, por meio de nota.

O professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) Newton Marques explicou que a situação é ruim para as contas públicas. “Esses milhões que se perdem todo ano são despesa pública. Isso vai fazer diferença”, comentou. Marques analisou que R$ 11 milhões por ano de aluguel é um valor alto, que pode fazer diferenças significativas aos cofres.
O especialista afirma que a gestão pública é a principal responsável pelo abandono de prédios como esse. “O gestor não é punido devidamente e, por isso, esses problemas ocorrem”, critica. Ele explica que é muito importante as pessoas denunciarem essas situações para os órgãos de controle, já que esse prejuízo tem ainda mais impacto quando se trata do atual problema econômico do país. “Isso é motivo de repúdio, deve ser denunciado. Os órgão de controle não estão fazendo o dever de casa”, acrescentou.

Para ele, existe um certo comodismo da administração pública. “O governo já não tem dinheiro. Nesse caso, alugar pode ser, teoricamente, mais confortável”, afirmou. Uma solução seria revitalizar o prédio para reduzir os prejuízos com aluguel de espaço.“A reforma pode, em pouco tempo, recuperar esse prejuízo”, avaliou.

O especialista em finanças públicas da UnB José Matias-Pereira afirma que a situação revela uma deficiência na gestão do patrimônio público. Segundo ele, o prejuízo existe não apenas pelo pagamento de aluguel de espaços como também pela necessidade de manutenção dos equipamentos parados. Por isso, para o professor, o problema precisa ser tratado com prioridade. “O que se espera é que o próximo presidente dê atenção especial a essas questões. Quando olhamos esse imenso patrimônio, são centenas de recursos e prejuízos que acontecem em função da falta de prioridade em relação a essa questão”, explicou.

Ele também é a favor da revitalização do espaço, já que, por ser um patrimônio, deveria receber mais atenção pública. “Uma coisa é clara, aquilo é um patrimônio. A cidade é um patrimônio da humanidade. Aquele é um prédio que precisa ser conservado e utilizado. O governo não pode simplesmente virar as costas para isso”, sinalizou.


Sem sair do papel


Desde 2016, a SPU busca modernizar o prédio. Entre as mudanças previstas estavam eficiência energética, sustentabilidade e acessibilidade. A ideia era que o prédio economizasse, pelo menos, 35% nos gastos de manutenção — dado calculado com base no valor gasto nos outros prédios da Esplanada. Outras promessas, segundo nota escrita pelo Planejamento naquele ano, era de que haveria sistemas de gerenciamento e automação da iluminação (LED), da rede óptica, lógica e do ar-condicionado. E que tudo isso reduziria o gasto com energia em até 60%. Já no caso das instalações hidráulicas, haveria captação de água da chuva e dos drenos de ar-condicionado. O prédio foi construído em 1950 e tem uma área total de 23,8 mil metros quadrados.