Beth Peterson tinha 24 anos quando sobreviveu a um acontecimento raro:
estima-se que a probabilidade de ser atingido por um raio seja de
1/576.000, embora essa estimativa varie entre pontos terrestres. Beth
Peterson foi atingida duas vezes. Exatamente um ano depois do primeiro
episódio, na mesma data, a norte-americana teve um segundo encontro de
primeiro grau com um relâmpago.
"A chuva encharcou-me as botas e
antes que eu pudesse encontrar um abrigo, um forte raio de luz atirou-me
para uma distância de nove metros, para um piso de alcatrão", recorda a
norte-americana, referindo-se à primeira vez em que foi atingida, num
relato escrito na primeira pessoa à radiotelevisão britânica BBC.
Beth
Peterson era soldado do exército em Fort Benning, no Estado da Geórgia,
quando foi atingida pela primeira vez por um relâmpago. "Naquela noite,
estava a inspecionar as munições num depósito com um colega. Foram os
paramédicos que conseguiram reanimar-se depois do raio - que subiu-me
pelos pés, atravessou o meu corpo e saiu pela boca - ter feito o meu
coração parar de bater por um curto período", descreve a
norte-americana."Quando cheguei ao hospital, os médicos ficaram surpreendidos com o facto de eu ter sobrevivido", recorda.
Beth Peterson não conseguia falar porque tinha a mandíbula partida e também não conseguia entender o que lhe diziam porque sofreu uma lesão cerebral grave. Fez 12 cirurgias para reconstruir parte do crânio, mas os dedos dos seus pés foram amputados na sequência dos danos causados.
"Reaprendi a ler, a escrever, a falar e a caminhar", conta. "Inicialmente usava muletas e depois, quando fiquei mais forte, passei a usar os músculos do abdómen para manter o equilíbrio". Na sequência do episódio, desenvolveu transtorno de stress pós-traumático, o que a obrigou a procurar ajuda de um psicólogo.
Um ano depois
"Exatamente um ano depois do dia em que fui atingida por um raio, estava em casa, porque ainda não podia trabalhar, a observar a chegada de uma tempestade. O meu psicólogo tinha-me encorajado a enfrentar os meus medos e disse-me para não me esconder em casa durante as tempestades. Por isso, ganhei coragem e fui até a varanda", conta.Em 2013, Beth Peterson publicou o livro "Life After Lightning", no qual conta a sua história e ensina a lidar com a dor para se ser mais forte.
Todos os anos, cerca de 4 mil pessoas morrem atingidas por raios em todo o mundo.