O dia 11 de setembro de 2025 entra para história como o dia em que o Brasil começou a acertar suas contas com o passado.
O julgamento do Núcleo 1 da trama golpista, ocorrido na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (11), dependia de mais um único voto para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete de seus aliados que tentar dar um golpe de Estado.
Como ficou provado na ação penal, Bolsonaro e os demais réus formaram uma organização criminosa destinada a dar um golpe para assegurar a permanência do ex-presidente no poder.
O placar do julgamento para condenar ou absolver os acusados estava em 2 X 1.
O relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes e o ministro Flávio Dino, abriram o placar pela condenação na terça-feira (9).
Na quarta (10), foi a vez do ministro Luiz Fux votar e diminuir diferença, depois de apresentar um voto bizarro e destituído de nexo, que causou espécie entre os colegas da Corte.
Por ironia do destino, coube a uma mulher, a ministra Cármen Lúcia, ser a quarta a votar.
A decana da Primeira Turma logo no início da apresentação de seu voto, já sinalizou aonde iria chegar coim o seu julgamento:
"O que há de inédito nesta Ação Penal, é que nela pulsa o Brasil que me dói". "É quase um encontro do Brasil, com seu passado, com o seu presente e o seu futuro", afirmou Cármen Lúcia.
Dito e feito. Depois de rejeitar todas os argumentos das defesas, ela ampliou o placar, dando o voto tão ansiado pelo Brasil.
O voto pela condenação de Bolsonaro, dado por uma mulher a um homem que nunca escondeu sua condição de misógino, é bastante simbólico e capaz de o levar à prisão.
Um voto que lavou a alma de um país farto de golpes de Estado e de ditaduras.
Um país que tem resistido a rupturas institucionais e que repudia os ataques ao Estado Democrático de Direito e à sua democracia.



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