Ao menos 31 pessoas morreram e 68 ficaram feridas em um bombardeio israelense ao sul de Beirute nesta sexta-feira (20), informou o Ministério da Saúde libanês . Uma fonte próxima do Hezbollah relatou a morte de um alto comandante do grupo islamista.
Israel efetuou centenas de bombardeios contra posições do movimento islamista Hezbollah no Líbano, poucas horas após o líder desta milícia pró-Irã ter prometido "duras represálias" às explosões de aparelhos de comunicação do grupo que deixaram 39 mortos e milhares de feridos.
O Hezbollah responsabiliza Israel pelas explosões de dispositivos de comunicação de integrantes do grupo xiita na terça e quarta-feira em várias regiões do Líbano. O líder do movimento, Hassan Nasrallah, prometeu na quinta-feira que o Estado israelense receberá "uma punição justa".
É o maior ataque ao Líbano desde o início da guerra em Gaza, de acordo com o governo local. Mais cedo, o Hezbollah disparou 150 foguetes contra o norte de Israel , em resposta às explosões de pagers e "walkie-talkies" do grupo extremista.
Um dos líderes foi morto
Entre
os mortos, segundo Israel, estaria Ibrahim Aqil, um dos principais
comandantes de operações militares do Hezbollah. Aqil era também
procurado pelo governo dos EUA por ser suspeito de participar em um
atentado à Embaixada estadunidense em Beirute, em 1983. Após o ataque,
os Estados Unidos pediram que seus cidadãos deixem o Líbano.
A
rádio militar de Israel confirmou que o principal alvo da ofensiva era
Aqil. Mas a imprensa local afirmou que há crianças entre as vítimas e
que prédios residenciais e carros foram danificados.
"Os aviões de combate da Força Aérea de Israel executaram um ataque seletivo na região de Beirute, eliminando Ibrahim Aqil, comandante da unidade Radwan", e outras "figuras de primeiro plano da rede operacional e da cadeia de comando" deste corpo de elite do Hezbollah , informou um porta-voz do Exército em um comunicado.
Apelos internacionais
ONU, Estados Unidos e várias potências fizeram um apelo por moderação diante do temor de uma escalada no Oriente Médio, a poucas semanas do aniversário de um ano do início da guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza.
O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdullah Bu Habib, disse que o Líbano apresentará uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar a "agressão ciberterrorista de Israel", que ele descreveu como um "crime de guerra".
O primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati, pediu que a ONU adote uma "posição firme para interromper a agressão israelense contra o Líbano e a guerra tecnológica" que está travando na reunião do Conselho de Segurança, prevista para esta sexta-feira (20).
Israel anunciou no mesmo dia que bombardeou quase 100 lançadores de foguetes no Líbano que, alegou, estavam preparados para serem "utilizados de maneira imediata para disparar" contra seu território.
O Exército israelense e o Hezbollah, aliado do Hamas, efetuam ataques quase diários na fronteira desde o início do conflito em Gaza, há mais de 11 meses, mas os bombardeios da véspera foram os mais intensos desde o início dos confrontos.
"Programados para explodir"
A explosão quase simultânea de pagers na terça-feira (17) aconteceu poucas horas após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ter anunciado que o retorno de milhares de pessoas deslocadas no norte do país devido ao conflito era uma das prioridades do seu governo.
Segundo uma fonte de alto escalão dos serviços de segurança libaneses, os aparelhos afetados "estavam pré-programados para explodir e continham materiais explosivos".
Uma investigação preliminar das autoridades libanesas mostra que os aparelhos foram equipados com armadilhas explosivas antes de entrarem no país, segundo uma carta da missão libanesa da ONU à qual a AFP teve acesso na quinta-feira.
Bombardeios continuam em Gaza
A Defesa Civil de Gaza afirmou que dois bombardeios israelenses nesta sexta-feira deixaram 14 mortos, oito em um campo de refugiados de Nuseirat e seis na Cidade de Gaza.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pela incursão letal de comandos do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023. A incursão deixou 1.205 mortos, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses, que incluem os reféns mortos ou executados no cativeiro em Gaza.
Dos 251 sequestrados durante a incursão, 97 continuam retidos em Gaza, dos quais 33 foram declarados mortos pelo Exército israelense.
Os bombardeios e as operações terrestres israelenses destruíram o território palestino e causaram a morte de pelo menos 41.272 palestinos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.
0 Comentários