Daniela Lima, da CNN, é chamada de "quadrúpede" por Bolsonaro

 

Jair Bolsonaro (sem partido) atacou Daniela Lima, apresentadora da CNN Brasil, nesta terça-feira (01). Ao chegar ao Palácio da Alvorada, ele se encontrou com apoiadores, que pediram uma opinião sobre a gafe da jornalista, que viralizou ao dizer durante a cobertura da pandemia: "Não saia daí porque agora, infelizmente, a gente vai falar de notícia boa, mas com valores não tão expressivos”.

"Infelizmente, somos obrigados a dar uma boa notícia, mas não é tão boa assim não. É uma quadrúpede. Afinal de contas, acho que não preciso dizer de quem ela foi eleitora no passado, né? De outra do mesmo gênero", disse Bolsonaro sem citar o nome de Daniela Lima, sugerindo ainda que a mesma teria votado em Dilma Roussef (PT).

Em resposta à repercussão, Daniela compartilhou um texto em sua conta no Twitter. "Agradeço todas as manifestações de solidariedade. Imprensa e democracia são irmãs siamesas. Respondo como posso, com trabalho", escreveu.

Além de anônimos, a jornalista ainda recebeu apoio de colegas de trabalho, Márcio Gomes, por exemplo, a elogiou publicamente. "Só vou escrever o óbvio aqui Daniela Lima representa o melhor que a CNN Brasil pode ter. De caráter, competência, independência. Ponto".

À situação, durante o "CNN 360º", Daniela comentava o saldo positivo, porém, o menor do ano, de vagas de emprego abertas em abril no país. No entanto, os apoiadores do presidente distorceram a fala, compartilhando nas redes sociais apenas a 1ª parte da frase: "infelizmente, a gente vai falar de notícia boa". Assista ao vídeo no fim do texto.

Esta não é a primeira vez que Jair Bolsonaro briga com jornalistas, inclusive da CNN Brasil. No início de maio, Carla Bridi, repórter do canal em Brasília, relatou que foi hostilizada pelos seguranças do governo no Palácio do Planalto. Segundo ela, enquanto tentava seguir o comboio do presidente, ela foi ameaçada por um segurança sem máscara. Além disso, ela e sua equipe foram alvo de apoiadores de Jair Bolsonaro (sem partido).

"Após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro à imprensa - que falou de tratativas com a Rússia sobre a liberação de um brasileiro preso no país, mas sem uma palavra sobre vacinas - começou a hostilização contra a imprensa . Ao entrarmos no carro da emissora para tentar seguir o comboio presidencial, gritaria - segurança sem máscara começou a nos ameaçar, colocou a mão em cima da arma. Dois colegas de outros veículos foram ameaçados por outro segurança - esse de fato tirou a arma do cinto", iniciou Carla Bridi, em postagem realizada no Twitter .

"No fim, nem dentro do carro podíamos ficar esperando o comboio sair. Tivemos que voltar para a sala de imprensa. Quando saio do carro, segurança disse que iria anotar os nomes de todo mundo e perguntou o meu. Falei que não iria passar nome nenhum. Por fim, um dos apoiadores usou os piores palavrões pra se dirigir à imprensa. E ele estava longe de nós. Quando passou por nós, nem olhou na cara. Tava acompanhado da filha, uma criança que aparentava ter 8 anos. Que tipo de educação vai passar para essa menina, só Deus sabe", continuou ela.

"Em resumo, hostilização por parte de seguranças e apoiadores do Presidente, em pleno domingo de plantão. No fim, um outro segurança foi chamar atenção do apoiador que nos xingou. E pediu pra que não fizéssemos matérias sobre a confusão. Em troca, não iria anotar nossos nomes", encerrou a jornalista da CNN Brasil.

Em resposta, a emissora se colocou a favor da profissional. "A CNN Brasil repudia intimidações a jornalistas e ameaças à liberdade de expressão, e defende a imprensa independente, garantida pela Constituição, como um alicerce do estado democrático de direito", diz um trecho que foi enviado ao Uol. Até o momento, o Palácio do Planalto não se posicionou sobre o assunto.

 

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