Conta de luz fica mais cara com recorde de geração de energia por termelétricas

 

Em meio a uma forte crise hídrica no centro-sul do país, onde ficam algumas das principais hidrelétricas , o Brasil bateu ontem um recorde na geração de energia por termelétricas , que são mais caras e poluentes.

Na segunda-feira, o país produziu 17.137 megawatts médios (MWmed) de energia por termelétricas ao longo do dia.

Nunca antes o país gerou tanta eletricidade a partir dessa fonte em sua História, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) compilados pelo GLOBO.

O custo mais alto é um dos principais motivos para a bandeira vermelha 2 ter entrado em vigor hoje, encarecendo as contas de luz.

É o patamar mais alto do sistema de bandeiras tarifárias da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que significa cobrança adicional de R$ 6,243 para cada 100 quilowatt-hora consumidos.

O governo tem recorrido a usinas termelétricas movidas a gás natural, biomassa, óleo diesel e carvão para garantir o suprimento de eletricidade e guardar água nos reservatórios.

Recorde anterior era de 2014

O recorde anterior foi registrado em 14 de agosto de 2014, quando o país gerou 16.478 MWmed por usinas termelétricas. Naquele ano e em 2015, o país também enfrentou uma crise hídrica.

Em 2001, quando o país viveu um racionamento de energia, o número de termelétricas era pequeno no país. E uma das ações do governo de Fernando Henrique Cardoso foi incentivar a construção desse tipo de usina para dar mais segurança ao sistema.

Na segunda-feira, o país gerou 68.279 MWmed de energia, contabilizando todas as fontes. Desse total, 40.765 MWmed foram de usinas hidrelétricas (a principal fonte no sistema). As termelétricas contribuíram com 17.137.

Em seguida vêm as usinas nucleares (as usinas de Angra 1 e 2, no Rio), com 1.864. Também foram produzidos 7.717 MWmed por usinas eólicas e 796 por unidades de energia solar.

Em busca de energia

Por conta da falta de chuvas, o governo tem feito uma varredura em buscas de usinas termelétricas ainda não integradas ao sistema elétrico regular para aumentar a geração por essa fonte, normalmente mais caras e mais poluentes.

O objetivo é economizar água nos reservatórios, para não faltar o recurso nos momentos de pico da demanda e no auge da seca, entre setembro e novembro.

Bacia do Rio Paraná é a que mais preocupa

A principal preocupação do governo é com a bacia do Rio Paraná, de acordo com ata do da reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) realizada na semana passada, ao qual o GLOBO teve acesso.

A ata relata que o período chuvoso 2020/2021 na bacia teve início tardio e se encerrou antecipadamente. Também foi o período em que menos entrou água nos reservatórios desde 1931, quando isso começou a ser registrado.

As bacias do Rio Paraná abrigam os principais reservatórios de regularização do Sistema Interligado Nacional (SIN), cujos recursos são operados de maneira que, nos períodos secos, seus estoques possam ser utilizados de forma otimizada e com vistas a garantir o devido atendimento à carga.

“Reconhecer a severidade da atual situação hidro energética das principais bacias hidrográficas do SIN, que registrou o pior período hidrológico de setembro de 2020 a maio de 2021, com risco de comprometer a geração de energia elétrica para atendimento ao SIN, e, tendo em vista a grave situação específica vivenciada na região abrangida pela Bacia do Rio Paraná, recomendar à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico que seja reconhecida situação de escassez hídrica na Bacia do Rio Paraná, englobando também os Rios Grande, Parnaíba, Tietê e Paranapanema”, diz a ata do CMSE.

Postar um comentário

0 Comentários