Apoiadores de Crivella atuam em hospitais, escolas e até em feiras, diz jornal

 


Apoiadores do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), atuam como “guardiões” do político em hospitais, escolas e até em feiras, segundo reportagem do jornal O Globo, publicada nesta 2ª feira (7.set.2020).

Em outra reportagem, publicada em 1º de setembro, o jornal já havia indicado a existência de 1 grupo de funcionários da prefeitura para fazer plantão na porta de hospitais municipais com o objetivo de atrapalhar jornalistas e impedir denúncias de problemas na saúde pública. Segundo o jornal, eles combinam as ações em 3 grupos no WhatsApp com os nomes de “Guardiões do Crivella”, “Assessoria Especial GBP” e o “Plantão”.

O novo levantamento indica que Daniela Rocha Pinto, funcionária da Prefeitura, se infiltrou entre pais dos estudantes da Escola municipal Eurico Dutra, no Iapi da Penha. Ela participava de 1 grupo no WhatsApp dos pais da escola, mesmo tem ter filhos que estudavam no colégio.

Segundo o jornal, Daniela é uma das 59 pessoas entre as 67 lotadas no gabinete do prefeito Marcelo Crivella que não são servidoras públicas –88% dos funcionários são “extra quadros”. Ela recebe o salário bruto de  R$ 6,6 mil.

Atualmente, no gabinete de Crivella –que reúne alguns integrantes do grupo–, os funcionários que não prestaram concurso representam uma despesa bruta por mês de R$ 380.597,48 ou R$ 5,1 milhões anuais. Os dados são do gabinete da vereadora Teresa Bergher (Cidadania). No entanto, como a maior parte dos “guardiões” são comissionados e trabalham em várias áreas do município, é difícil estimar quanto custam aos cofres públicos.

Segundo O Globo, esses “guardiões” atuam como “cabos eleitorais” para impedir críticas à sua gestão e “arrecadadores de dinheiro”. Na última 6ª feira (4.set.2020), a Câmara Municipal do Rio de Janeiro autorizou a abertura de CPI (comissão parlamentar de inquérito) para investigar o caso.

“O prefeito Crivella criou uma milícia de cabos eleitorais para impedir críticas à sua gestão, pagos com dinheiro público. Já temos elementos que comprovam a existência de organização criminosa atuando na estrutura do município e onerando os cofres municipais. A CPI dos Guardiões do Crivella vai investigar e ouvir essas pessoas para que sejam devidamente punidas “, afirmou Teresa Bergher, ao O Globo.

Por causa da denúncia, Crivella foi alvo de 1 processo de impeachment, votado na última 5ª feira (3.set.2020). O pedido foi rejeitado por 25 votos a 23.

Segundo o jornal, no grupo no WhatsApp “Guardiões do Crivella” há cerca de 250 pessoas, incluindo Crivella, secretários e presidentes de empresas municipais, pastores e missionários. Há também 1 funcionário apelidado de “guardião rei” por colegas do IPP (Instituto Pereira Passos) devido ao salário alto de R$ 35 mil brutos.

Entre os apoiadores de Crivella, está também 1 funcionário do estado, Eduardo Gil dos Santos Duarte, que trabalha na área administrativa do Colégio estadual Frederico Eyer, no Pechincha, em Jacarepaguá, com salário bruto de R$ 3.201,07. Com cargo especial na prefeitura desde 2017, ele recebeu do município, no mês passado, R$ 7.895,56.

Os apoiadores também interferem na rotina de feiras artesanais. Embora apenas Feirartes e feiras livres possam funcionar, a da Nelson Mandela, em Botafogo, retomou as atividades há 1 mês. Mas o expositor precisa pagar R$ 135 por dia. Na Afonso Pena, na Tijuca, a Feira da Independência foi autorizada e depois cancelada na última 5ª feira (3.set), informou o jornal.

Segundo O Globo, a Prefeitura do Rio de Janeiro não quis comentar a reportagem.

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