A Rússia foi o primeiro país a aprovar uma vacina para o novo coronavírus, segundo o presidente Vladimir V. Putin nesta terça-feira (11), embora o medicamento ainda não tenha completado todos os testes clínicos considerados necessários.
O anúncio acendeu o alert a em todo o mundo de que Moscou está evitando testes para "marcar" pontos políticos. O órgão científico que desenvolveu a vacina russa, o Instituto Gamaleya, ainda não conduziu os teste s de Fase 3 em dezenas de milhares de voluntários, um processo visto como o único método para garantir que uma vacina seja realmente segura e eficaz.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu, na semana passada, que a Rússia não deve se desviar dos métodos usuais de teste de uma vacina para segurança e eficácia. Mas Putin foi inflexível ao afirmar que os julgamentos eram suficientes.
"Funciona com bastante eficácia, forma uma imunidade estável e, repito, passou por todos os testes necessários", disse Putin, apesar das críticas, acrescentando que uma de suas filhas havia tomado a vacina .
O Instituto Gamaleya disse que um teste de Fase 3 começaria na quarta-feira (12), envolvendo mais de 2 mil pessoas. O ministro da saúde da Rússia, Mikhail Murashko, disse que professores e profissionais da área médica seriam vacinados a partir deste mês.
"Isso tudo é estúpido ", disse John Moore, virologista da Cornell Weill Medical em Nova York. "Putin não tem vacina, ele está apenas fazendo uma declaração política."
Em todo o mundo, 29 vacinas - de um total de mais de 165 em desenvolvimento - estão em vários estágios de testes em humanos .
O momento do anúncio da Rússia torna "muito improvável que eles tenham dados suficientes sobre a eficácia do produto", disse Natalie Dean, bioestatística e especialista em doenças infecciosas da Universidade da Flórida que alertou sobre a a pressa no processo de aprovação das doses. Dean observou que as vacinas que produziram dados promissores em testes iniciais em humanos fracassaram em estágios posteriores.
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