Sara Winter diz que ‘troca de socos’ com ministro foi convite, não ameaça


A ativista bolsonarista Sara Winter recebeu jornalistas em sua casa nesta 6ª feira (26.jun.2020) depois de receber autorização para deixar o presídio feminino de Brasília. Ela foi alvo da operação Lume da PF, que apura o financiamento de atos antidemocráticos.
Aos repórteres, Sara disse que não fez nenhuma ameaça ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
“Na verdade, eu não fiz nenhuma ameaça ao ministro aqui citado. Depois de 1 momento em que minha privacidade foi violada, em situação de forte emoção, eu disse ‘se eu estivesse em São Paulo, eu queria saber onde é o condomínio dele, porque eu iria lá e eu queria convidá-lo para trocar socos comigo’. Eu acho que você fazer 1 convite não é uma ameaça.”

Moraes autorizou mandados de busca e apreensão contra 29 bolsonaristas no âmbito de outra investigação, ligada ao inquérito das fake news. Sara foi 1 dos alvos.
No mesmo dia, a ativista publicou 1 vídeo em que, além do “convite” à troca de socos, disse: “A gente vai infernizar a tua vida. A gente vai descobrir os lugares que o senhor frequenta, a gente vai descobrir quem são as empregadas domésticas que trabalham para o senhor, a gente vai descobrir tudo da sua vida”.

Ela foi questionada sobre o trecho nesta 6ª (26.jun), mas os assessores interromperam a entrevista e Sara Winter não chegou a comentar o assunto diretamente. A ativista também não respondeu às perguntas da PF sobre o vídeo.

Entenda o caso

Sara Winter é uma das líderes do movimento conservador “300 pelo Brasil”. Ela e outras 5 pessoas tiveram prisão temporária decretada por Alexandre de Moraes em 15 de junho.
Outra liderança do movimento, o jornalista Oswaldo Eustáquio, foi preso no âmbito da operação Lume nesta 6ª feira. Ele foi localizado na fronteira contra o Paraguai e detido em Campo Grande (MS).
O grupo montou acampamentos em Brasília, que foram desmontados pelo governo local. Eles ameaçaram invadir o Senado Federal e a simularam 1 bombardeio em frente ao STF com fogos de artifício.
Em outro ato, em 30 de maio, os ativistas usaram máscaras e carregavam tochas em uma marcha em direção à Corte. O ato reuniu cerca de 30 pessoas. Os participantes gritavam palavras de ordem: “Viemos cobrar, o STF não vai nos calar” e “Careca togado, Alexandre descarado”.
O Ministério Público diz que há indícios de que o grupo estava captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional, objeto do inquérito (nº 4.828), aberto em 20 de abril.
Sara afirmou nesta 6ª feira que o movimento só recebe dinheiro de pessoas físicas e de forma espontânea. Ela negou qualquer financiamento por empresas ou de forma ilegal.
A ativista também negou que o grupo seja antidemocrático:
“Obviamente eu nego qualquer participação minha ou de qualquer outro membro do 300 do Brasil em qualquer ato antidemocrático. Pelo contrário, nós lutamos por liberdade. Os princípios do 300 pelo Brasil são a recuperação da soberania nacional, a plena tripartição de poderes, o respeito ao pacto federativo, o extermínio da corrupção e a criminalização do comunismo, que é uma ideologia que já matou mais de 600 milhões de pessoas”.
Sara Winter está usando uma tornozeleira eletrônica. De acordo com a decisão de Moraes, a ativista só pode deixar sua casa para trabalhar ou estudar, com autorização da Justiça. Ela também deve manter distância mínima de 1 quilômetro do Congresso Nacional e do STF.
Winter apoiou uma placa com os dizeres “presa política” no aparelho.



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