Liderados por dez especialistas da área, o grupo divulgou uma carta e agora coleta assinaturas. Já aderiram os jornalistas Ana Paula Padrão e Marcelo Tas, o senador Randolfe Rodrigues (Rede/AM) e os deputados Alessandro Molon (PSB/RJ), Túlio Gadelha (PDT/PE) e Tabata Amaral (PDT/SP).
“A educação brasileira precisa ir em frente e isso requer mudanças na alta gestão do MEC. Os problemas de Weintraub não são apenas retóricos e nem começaram agora. Precisamos de uma bússola, mas as ações da alta gestão do MEC desorientam”, diz a carta.
São citados a falta de liderança da pasta no debate sobre o FUNDEB, principal mecanismo de financiamento da educação básica e que vence este ano, assim como no processo de volta às aulas no pós pandemia.
Eles também destacam a falta de execução dos recursos da pasta, a rotatividade em cargos-chave (o INEP teve quatro presidentes em um ano), a escala de problemas no ENEM 2019 e a resistência em mudar a data do ENEM 2020. O MEC só acabou cedendo após o avanço do adiamento no Legislativo.
“Precisamos compensar o atraso histórico da educação, mas no último ano a educação no Brasil andou para trás”, diz o texto.
Histórico
Sem experiência específica na área de educação, Weintraub assumiu o MEC em abril do ano passado no lugar de Ricardo Veléz, que durou três meses no cargo e também teve uma gestão marcada por crises.Uma das primeiras ações de Weintraub foi o anúncio de um contingenciamento de 30% no orçamento de universidades federais que promovessem “balbúrdia” e tivessem desempenho abaixo do esperado.
Foi o estopim para manifestações de rua em defesa da educação em 190 cidades, incluindo todas as capitais, no que seria o maior protesto do primeiro ano de governo Bolsonaro.
Recentemente, Weintraub se tornou alvo de um inquérito, pedido pela Procuradoria-Geral da República e aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), por alegação de racismo contra chineses no Twitter. O embaixador da China, Yang Wanming, chamou Weintraub de racista e o ministro apagou a publicação.
Já a fala do ministro na reunião ministerial do dia 22 de abril, pedindo a prisão de ministros do STF e os chamando de “vagabundos”, colocou Weintraub sob investigação do inquérito que apura disseminação de notícias falsas, ameaças a integrantes da Corte e subversão da ordem constitucional.
Em um movimento inédito, o ministro da Justiça, André Mendonça, entrou com um habeas corpus preventivo a favor de Weintraub, que será julgado pelo STF no próximo dia 12.
A saída de Weintraub do cargo neste momento também serviria, portanto, como fator de distensão da escalada da tensão institucional e risco político no país.
O ministro da educação também foi condenado por entidades judaicas brasileiras e internacionais ao comparar, nas redes sociais, as ordens de busca e apreensão do inquérito com a Noite de Cristais.
A série de ataques nazistas a estabelecimentos judeus na Alemanha em 09 de novembro de 1938 deixou dezenas de mortos, e é avaliada com um dos marcos iniciais do Holocausto.
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