Desemprego sobe para 11,6 e atinge 12,3 milhões


A taxa de desemprego no país subiu para 11,6% no trimestre encerrado em fevereiro, atingindo 12,3 milhões de pessoas. O aumento, na comparação com o trimestre terminado em novembro (11,2%), interrompeu dois trimestres seguidos de quedas estatisticamente significativas no desemprego.
Por outro lado, o desemprego apresentou queda na comparação com o trimestre encerrado em fevereiro de 2019, quando ficou em 12,4%.
Os dados fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa não usa só os trimestres tradicionais, mas períodos móveis (como fevereiro, março e abril; março, abril e maio etc.).
"É normal que no início do ano ocorra essa interrupção, porque já vínhamos numa trajetória de taxas declinantes no fim do ano. Não tínhamos visto essa reversão em janeiro, no entanto, ela veio agora no mês de fevereiro, provocada por uma queda na quantidade de pessoas ocupadas e um aumento na procura por trabalho", disse a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
A analista aponta que o aumento na desocupação não veio do comércio, setor que, tradicionalmente, costuma demitir no início do ano os profissionais contratados temporariamente para o Natal. Desta vez, a alta na taxa foi puxada pelos setores de construção (-4,4%), administração pública (-2,3%) e serviços domésticos (-2,4%).
"A construção não sustentou o movimento de recuperação que ela vinha apresentando no fim do ano passado. Já a administração pública tem uma sazonalidade, pois ela dispensa pessoas no fim e no início do ano em função de términos nos contratos temporários das prefeituras (...). O serviço doméstico está muito ligado ao período de férias das famílias, as dispensas das diaristas, já que muitas famílias viajam, interrompendo a demanda por esse serviço", afirmou Beringuy.

Informalidade cai, mas atinge 38 milhões de pessoas

A taxa de informalidade caiu de 41,1% no trimestre de setembro a novembro de 2019 para 40,6% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano. Apesar da queda, há ainda um total de 38 milhões de informais no país.
Nesse grupo estão os trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ, os que atuam por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.
De acordo com o IBGE, a queda da informalidade foi influenciada pela redução no contingentes de trabalhadores por conta própria sem CNPJ e também de trabalhadores empregados sem carteira.
Outro reflexo da queda da informalidade foi o aumento no rendimento, que subiu para R$ 2.375, alta de 1,8% no trimestre encerrado fevereiro, frente ao trimestre anterior.

Número de pessoas sem trabalho é recorde

Ainda de acordo com a Pnad Contínua, o total de pessoas fora da força de trabalho chegou a 65,9 milhões, patamar recorde desde o início da pesquisa, no primeiro trimestre de 2012.
São pessoas que não procuram trabalho, mas que não se enquadram no desalento (pessoas que desistiram de procurar emprego). Os desalentados somam 4,7 milhões, quadro estatisticamente estável em ambas as comparações.

IBGE faz coleta por telefone em meio a pandemia

O IBGE informou que os dados da Pnad Contínua estão sendo coletados somente por telefone durante o período de isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus.

Metodologia da pesquisa

A Pnad Contínua é realizada em 211.344 casas em cerca de 3.500 municípios. O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados.
Existem outros números sobre desemprego, apresentados pelo Ministério da Economia, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os dados são mais restritos porque consideram apenas os empregos com carteira assinada.

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