Coronavírus pode infectar até 70% do planeta

 

O chefe do Departamento de Epidemiologia da Universidade Harvard, Marc Lipsitch, estima que o novo coronavírus veio para ficar por 1 bom tempo. Deve infectar, ao longo de 1 ano, de 40% a 70% da população mundial. Ele analisa que a Covid-19 (doença respiratória causada pelo novo coronavírus) tem uma taxa de mortalidade na faixa de 2% e se espalha rapidamente por ter sintomas leves ou mesmo ser assintomática. Com base nisso, ele acredita que ela pode se tornar uma doença sazonal.
Marc Lipsitch falou em entrevista à revista norte-americana The Atlantic. O pesquisador diz que o coronavírus, assim como a gripe –que geralmente ameaça a vida de pessoas com problemas de saúde crônicos e com idade avançada–, na maioria dos casos infecta pessoas de forma despercebida. No geral, 14% das pessoas com gripe não apresentam sintomas. Ainda não se sabe esse percentual na Covid-19, mas deve ser no mesmo patamar, segundo o epidemiologista.
Os coronavírus são conhecidos desde meados da década de 1960 e geralmente circulam apenas entre animais. São semelhantes aos vírus influenza, pois ambos contêm código genéticos parecidos.
Cientistas afirmam que os coronavírus evoluíram dos seres humanos para maximizar sua própria disseminação. Dois surtos anteriores do vírus  –o Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e o Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio)– foram altamente fatais para os seres humanos, com taxa de mortalidade de 10% e 34%, respectivamente.
Apesar da menor taxa de mortalidade, a Covid-19 até agora resultou em mais mortes (2.942) do que Sars e Mers combinadas (1.632). Isso ocorre porque, diferentemente das versões de coronavírus que provocaram surtos anteriores, a Covid-19 muitas vezes não é percebida por não apresentar sintomas, o que faz com que muitos dos infectados não busquem tratamento a tempo.
Os vírus da gripe, mais “leves“, matam menos de 0,1% das pessoas infectadas, mas são responsáveis ​​por centenas de milhares de mortes todos os anos.
Passados 2 meses do surto do novo coronavírus, ao menos 85.995 pessoas foram infectadas em 61 países. A maioria dos registros de infectados e mortos foram na China, epicentro do patógeno. No Brasil, 2 casos foram confirmados.
“Com sua potente mistura de características, esse vírus é diferente da maioria que captura a atenção popular: é mortal, mas não muito mortal. Isso deixa as pessoas doentes, mas não de maneira previsível e identificável de forma única. Na semana passada, 14 norte-americanos confirmaram a contaminação em 1 navio no Japão, apesar de sentirem-se bem. O novo vírus pode ser mais perigoso porque, ao que parece, às vezes pode não causar nenhum sintoma”, afirmou o pesquisador à revista.

Itália, Irã e Coreia do Sul estão entre os países que relatam 1 número crescente de pacientes diagnosticados com Covid-19. Muitos deles reagiram com tentativas de contenção, apesar da eficácia duvidosa.
Para Lipsitch, certas medidas de contenção são apropriadas, mas proibir amplamente as viagens, fechar cidades e guardar mantimentos não são soluções eficazes para 1 surto que pode durar anos.
“Mesmo com contenção, a disseminação do vírus pode ser inevitável. Testar pessoas que já estão extremamente doentes é uma estratégia imperfeita se as pessoas puderem espalhar o vírus sem se sentirem mal o suficiente para ficar em casa, longe do trabalho”, diz Lipsitch.
Segundo o epidemiologista, uma das melhores estratégias seria investir na produção de vacinas e prevenção para salvar vidas nos próximos anos.
Sobre a produção de vacinas, o artigo destaca os seguintes pontos:
  • esforços globais – “O novo vírus foi identificado rapidamente. Seu genoma foi sequenciado por cientistas chineses e compartilhado em todo o mundo em semanas.”
  • investimento norte-americano – “a Casa Branca está se preparando para pedir ao Congresso US$ 1 bilhão em financiamento de emergência para uma resposta ao coronavírus.”
  • laboratórios não têm interesse – A fabricação de vacinas é custosa. “As empresas farmacêuticas geralmente consideram mais rentável investir nos medicamentos de uso diário para condições crônicas”, diz Lipsitch.
  • produção de vacinas – “No mês passado, os preços das ações de uma pequena empresa farmacêutica chamada Inovio mais que dobraram. Em meados de janeiro, eles informaram a produção de uma vacina para o novo coronavírus. Essa afirmação foi repetida em muitas reportagens, embora seja tecnicamente imprecisa. Como outras drogas, as vacinas exigem 1 longo processo de teste para verificar se realmente protegem as pessoas das doenças.”
  • fechamento de fronteiras – “Quanto mais o mundo entra no modo de bloqueio e autopreservação, mais difícil pode se avaliar o risco e distribuir efetivamente ferramentas, desde vacinas e máscaras de respirador a alimentos e sabonetes para as mãos.”