Os dados são do Prodes 2019 (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) e foram divulgados nesta 2ª feira (18.nov.2019) pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com a presença dos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).
área desmatada na Amazônia
de agosto a julho (em km²)
fonte: Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)
Os números ainda são preliminares, as taxas consolidadas serão divulgadas no 1º semestre de 2020 pelo Inpe. O levantamento é realizado desde 1988 e utiliza as imagens dos satélites Landsat, CBERS e ResourceSat. O período de agosto a julho é considerado porque abrange as épocas de chuva e de seca da região.
Governo
Em entrevista à imprensa, Ricardo Salles disse que os dados demonstram que o governo federal, junto com os estaduais, tem de “adotar uma estratégia diferente” para a “contenção do desmatamento”. Anunciou que nesta 4ª feira (20.nov.2019) haverá 1 encontro da pasta com representantes da região, em Brasília, para discutir o tema.Salles disse que está em negociação a transferência de parte dos órgãos de identificação, monitoramento e pesquisa de biodiversidade e florestas, além do setor de ecoturismo, para a região Amazônia. Algumas equipes desses órgãos também seriam deslocadas.
Marcos Pontes elogiou o trabalho dos técnicos do Inpe e afirmou que o relatório é “como
se fosse o diagnóstico do médico. Você vai lá e faz os exames. A partir
daí é feito 1 tratamento para reduzir [os danos] ou melhorar sua
condição de saúde”.
Reações
Órgãos de defesa do meio ambiente se manifestaram sobre os dados e criticaram a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro.O Observatório do Clima divulgou 1 texto afirmando que “o dado é decorrência direta da estratégia implementada por Bolsonaro de desmontar o Ministério do Meio Ambiente, desmobilizar a fiscalização, engavetar os planos de combate ao desmatamento dos governos anteriores e empoderar, no discurso, criminosos ambientais”. O secretário-executivo da entidade, Carlos Rittl, disse que isso é “1 imenso desastre”.
Cristiane Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace, disse que esses números são resultado das práticas do governo federal. “O projeto antiambiental de Bolsonaro sucateou a capacidade de combater o desmatamento, favorece quem pratica crime ambiental e estimula a violência contra os povos da floresta. Seu governo está jogando no lixo praticamente todo o trabalho realizado nas últimas décadas pela proteção do meio ambiente”, afirmou.
Já Mauricio Voivodic, diretor-executivo da WWF-Brasil, disse que “se o Governo Federal não modificar profundamente sua postura em relação ao tema, ele tende a crescer ainda mais no próximo ano”.