Desmatamento na Amazônia cresce 30% e atinge maior nível em 10 anos

 

A área desmatada na Amazônia foi de 9.762 km² de agosto de 2018 a julho de 2019, a maior desde 2008. Esse número representa 1 aumento de 29,5% em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2017 a julho de 2018), quando o desmatamento foi de 7.536 km².
Os dados são do Prodes 2019 (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) e foram divulgados nesta 2ª feira (18.nov.2019) pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com a presença dos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).
2019
18.226
2000
18.165
2001
21.651
2002
25.396
2003
27.772
2004
19.014
2005
14.286
2006
11.651
2007
12.911
2008
7.464
2009
7.000
2010
6.418
2011
4.571
2012
5.891
2013
5.012
2014
6.207
2015
7.893
2016
5.947
2017
7.536
2018
9.762
2019
fonte: Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

Os números ainda são preliminares, as taxas consolidadas serão divulgadas no 1º semestre de 2020 pelo Inpe. O levantamento é realizado desde 1988 e utiliza as imagens dos satélites Landsat, CBERS e ResourceSat. O período de agosto a julho é considerado porque abrange as épocas de chuva e de seca da região.
A chamada Amazônia Legal engloba os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Destes, o que registrou maior desmatamento foi o Pará: 3.862 km². Sozinho, o Estado paraense contribuiu com quase 40% de toda a área desmatada da Amazônia Legal. Já o Estado menos desmatado é o Amapá, com 8 km².

Governo

Em entrevista à imprensa, Ricardo Salles disse que os dados demonstram que o governo federal, junto com os estaduais, tem de “adotar uma estratégia diferente” para a “contenção do desmatamento”. Anunciou que nesta 4ª feira (20.nov.2019) haverá 1 encontro da pasta com representantes da região, em Brasília, para discutir o tema.
Salles disse que está em negociação a transferência de parte dos órgãos de identificação, monitoramento e pesquisa de biodiversidade e florestas, além do setor de ecoturismo, para a região Amazônia. Algumas equipes desses órgãos também seriam deslocadas.
Marcos Pontes elogiou o trabalho dos técnicos do Inpe e afirmou que o relatório é “como se fosse o diagnóstico do médico. Você vai lá e faz os exames. A partir daí é feito 1 tratamento para reduzir [os danos] ou melhorar sua condição de saúde”.

Reações

Órgãos de defesa do meio ambiente se manifestaram sobre os dados e criticaram a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro.
O Observatório do Clima divulgou 1 texto afirmando que “o dado é decorrência direta da estratégia implementada por Bolsonaro de desmontar o Ministério do Meio Ambiente, desmobilizar a fiscalização, engavetar os planos de combate ao desmatamento dos governos anteriores e empoderar, no discurso, criminosos ambientais”. O secretário-executivo da entidade, Carlos Rittl, disse que isso é “1 imenso desastre”.
Cristiane Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace, disse que esses números são resultado das práticas do governo federal. “O projeto antiambiental de Bolsonaro sucateou a capacidade de combater o desmatamento, favorece quem pratica crime ambiental e estimula a violência contra os povos da floresta. Seu governo está jogando no lixo praticamente todo o trabalho realizado nas últimas décadas pela proteção do meio ambiente”, afirmou.
Já Mauricio Voivodic, diretor-executivo da WWF-Brasil, disse que “se o Governo Federal não modificar profundamente sua postura em relação ao tema, ele tende a crescer ainda mais no próximo ano”.