
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) ameaçou demitir o presidente do BNDES, Joaquim Levy, mesmo sem a anuência do ministro da Economia, Paulo Guedes.
[ x ]
"Eu já estou por aqui com o [Joaquim] Levy. Falei pra ele demitir esse cara [Marcos Barbosa Pinto] na segunda-feira ou eu demito você, sem passar pelo Paulo Guedes", disse Bolsonaro diante do Palácio da Alvorada, no início da tarde deste sábado (15).
O presidente disse que "governo é assim, não pode ter gente suspeita" em cargos importantes. "Essa pessoa, o Levy, já vem há algum tempo não sendo aquilo que foi combinado e aquilo que ele conhece a meu respeito. Ele está com a cabeça a prêmio já há algum tempo", disse.
Questionado se Levy já estaria demitido, Bolsonaro negou.
Na última semana, Bolsonaro afirmou que vai demitir o presidente dos Correios, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, por ele ter se comportado como "sindicalista".
Desagradou o presidente o fato de o general ter tirado foto com parlamentares de esquerda e de ter dito que não haverá privatização dos Correios, como é planejado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em entrevista a Gerson Camarotti, do G1, Paulo Guedes disse entender a "angústia" de Bolsonaro, sugerindo estar ele também insatisfeito com o trabalho de Joaquim Levy no banco.
"O grande problema é que Levy não resolveu o passado nem encaminhou solução para o futuro", afirmou o ministro ao G1.
Guedes referia-se às investigações de possíveis responsáveis por empréstimos concedidos pelo banco a empreiteiras, durante os governos do PT, para obras no exterior. Em troca, elas pagariam propina.
Até o momento, nenhum funcionário do banco foi apontado como participante do esquema, mas Bolsonaro e Guedes insistem no discurso de abrir a "caixa-preta" do BNDES.
Outro motivo de descontentamento do ministro com Levy é a resistência do presidente do banco em devolver o dinheiro injetado no BNDES no passado.
Guedes já disse que espera receber R$ 126 bilhões neste ano, mas Levy não se comprometeu com a cifra. Os recursos são tratados como necessários para ajudar no ajuste fiscal do governo.
Diante das afirmações, é difícil que Levy permaneça no cargo. Nos bastidores, nomes para substituir o executivo começaram a circular, como o do secretário de desestatização e desinvestimento, Salim Mattar, e da superintendente da Susep, Solange Vieira, que é funcionária de carreira do BNDES. Nenhuma sondagem foi formalmente realizado até a noite deste sábado (15).