A técnica conhecida Crispr-Cas9 (ou simplesmente "Crisper") permite a edição do DNA, com o objetivo de eliminar mutações indesejáveis em pesquisas e em terapias genéticas
Cientistas americanos conseguiram reprogramar geneticamente células-T -
que fazem parte do sistema imunológico humano - sem utilização de vírus
para inserir genes. De acordo com os autores do estudo, publicado nesta
quarta-feira, 11, na revista Nature, o avanço torna mais rápida a edição de genes, o que poderá ter aplicações em pesquisa, na Medicina e na indústria.
A técnica conhecida Crispr-Cas9 (ou simplesmente "Crisper") permite a
edição do DNA, com o objetivo de eliminar mutações indesejáveis em
pesquisas e em terapias genéticas. Um dos métodos empregados para isso
consiste em usar vírus como vetores para transportar os genes para as
células.
O método descrito no novo estudo permite editar as sequências do
genoma nas células-T humanas sem utilizar os vírus. Os autores descrevem
o método como "uma abordagem rápida, versátil e econômica com uso da
tecnologia Crisper de edição de genes" e afirmam que ela poderá ser
utilizada, no futuro, para terapias celulares, acelerando o
desenvolvimento de novos tratamentos para câncer e doenças autoimunes.O novo método tem por base um processo pelo qual um campo elétrico é aplicado às células-T, para tornar suas membranas temporariamente mais permeáveis. Com uma exposição ao campo elétrico apropriado, as células-T integram as sequências genéticas escolhidas precisamente no local programado pela Crisper para cortar o genoma.
"É um método rápido e flexível que pode se usado para alterar, aprimorar e reprogramar células-T, de forma que podemos dar a elas a especificidade que queremos para destruir um câncer, reconhecer uma infecção, ou moderar a resposta imunológica excessiva que resulta em doenças autoimunes", disse o autor principal do estudo, Alex Marson, da Universidade da Califórnia em São Franciso (Estados Unidos).
Segundo Marson, além da velocidade e da facilidade de uso do método, ele possibilita a inserção de trechos grandes do DNA nas células-T, o que pode ser usado para dar a a elas novas propriedades.
Para demonstrar a versatilidade do novo método, os cientistas o usaram para consertar uma mutação causadora de doenças encontrada em células-T de crianças com uma rara doença autoimune. Eles também criaram células-T "personalizadas" para buscar e matar células de melanoma - um tipo de câncer de pele. Com informações do Estadão Conteúdo.