Quem denunciou a manobra foi a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes, entidade que representa os postos de abastecimento. Segundo Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis, as perdas no diesel foram superadas pelos estados por meio dos aumentos sobre a gasolina, por menores que esses pareçam. A explicação é simples. Enquanto o diesel possui alíquotas estaduais que variam de 12% a 18%, as da gasolina vão de 25% a 34%. Em julho, os maiores aumentos no cálculo do ICMS da gasolina foram aplicados em Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo. Os dois primeiros elevaram a arrecadação em 35 centavos de real por litro. Para os paulistas, a alta foi de 31 centavos.
Na ponta do lápis, a perda mensal de R$ 5,3 milhões pela redução no imposto do diesel pelo governo goiano seria superada largamente com a arrecadação de R$ 13,9 milhões a mais com a alta no valor de referência para o cálculo do ICMS para a gasolina. O cálculo foi baseado na média de vendas de 2017. No Rio Grande do Sul, o desequilíbrio contra o consumidor seria ainda maior. As perdas com o diesel somariam apenas R$ 295 mil, contra ganhos de R$ 32 milhões com a alta na gasolina. Os três estados contestam a Fecombustíveis, alegando que seguraram os preços durante a paralisação e fizeram os repasses em julho. No meio da controvérsia, a entidade aproveita para criticar o modelo do ICMS, que aplica percentuais reajustáveis sobre o litro de diesel a cada quinzena. Os postos defendem uma alíquota nacional unificada de acordo com o valor do litro.
Em São Paulo, o gasto com transporte de cargas ficará 20% maior, segundo levantamento da Fiesp. Só entre junho e dezembro, o impacto na indústria será de R$ 3,3 bilhões. Das empresas consultadas na pesquisa Rumos da Indústria Paulista, 55% pretendem repassar o custo ao mercado consumidor. Você, leitor, pagará a conta da greve duas vezes.