Cobertura de gelo marinho registra queda recorde em fevereiro

 


A cobertura global de gelo marinho registrou um índice mínimo histórico em fevereiro, anunciou o observatório climático europeu Copernicus nesta quinta-feira (6), com temperaturas até 11°C acima da média perto do Polo Norte, enquanto o mundo continua com sua persistente onda de calor.
 
O gelo marinho global - a água do oceano que congela e flutua na superfície - atingiu uma extensão mínima recorde de 16,04 milhões de quilômetros quadrados em 7 de fevereiro.
 
Foi o terceiro fevereiro mais quente já registrado, segundo os dados do serviço de monitoramento europeu.
"Fevereiro de 2025 dá continuidade à série de temperaturas recordes ou quase recordes observada nos últimos dois anos", disse Samantha Burgess, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo, que administra o monitor climático Copernicus.
 
"Uma das consequências de um mundo mais quente é o derretimento do gelo marinho, e a cobertura recorde ou quase recorde de gelo marinho em ambos os polos levou a cobertura global de gelo marinho a uma baixa histórica", acrescentou.
 
redução da cobertura de gelo tem impactos graves ao longo do tempo no clima, nas pessoas e nos ecossistemas, não apenas na região, mas a nível global.
 
À medida que a neve e o gelo altamente refletivos cedem sua superfície ao oceano azul escuro, a mesma quantidade de energia solar que antes era refletida de volta para o espaço agora é absorvida pela água, acelerando a taxa de aquecimento global.
 
O serviço europeu afirmou que a região pode ter atingido seu mínimo anual de verão no final do mês, acrescentando que, se confirmado em março, este seria o segundo menor mínimo no registro dos satélites.
No Ártico, onde a cobertura de gelo marinho normalmente atinge o máximo anual de inverno em março, mínimas mensais recordes foram registradas desde dezembro, com a cobertura de gelo marinho de fevereiro 8% abaixo da média mensal.
 
"A atual baixa extensão recorde de gelo marinho global revelada pela análise do Copernicus é motivo de séria preocupação porque reflete grandes mudanças tanto no Ártico quanto na Antártica", disse Simon Josey, professor de Oceanografia no Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido.
 
 
O gelo marinho da Antártica, que nesta época do ano determina em grande parte a quantidade global, estava 26% abaixo da média em fevereiro, de acordo com o Copernicus.
 
Ele acrescentou que as temperaturas quentes do oceano e da atmosfera "podem levar a uma falha extensiva na regeneração do gelo" na Antártica durante o inverno do hemisfério sul.
 
A nível global, fevereiro foi 1,59ºC mais quente do que no período pré-industrial, segundo Copernicus, acrescentando que o período de dezembro a fevereiro foi o segundo mais quente já registrado.
Embora as temperaturas tenham ficado abaixo da média no mês passado em partes da América do Norte, leste europeu e grandes áreas do leste asiático, elas foram mais quentes que a média no norte do Chile e Argentina, oeste da Austrália e sudoeste dos Estados Unidos e México.
 
As temperaturas foram particularmente altas ao norte do Círculo Polar Ártico, acrescentou Copernicus, com temperaturas médias 4°C acima da média de 1991-2020 para o mês, e uma área perto do Polo Norte atingiu 11°C acima da média.
 
Copernicus destacou que a falta de dados históricos das regiões polares dificulta estimativas precisas do aquecimento em comparação com o período pré-industrial.
 
Os oceanos, um regulador climático vital e sumidouro de carbono, armazenam 90% do excesso de calor retido pela liberação de gases de efeito estufa pela humanidade.
 
As temperaturas da superfície do mar foram excepcionalmente altas em 2023 e 2024. Segundo Copernicus, as leituras de fevereiro foram as segundas mais elevadas já registradas para aquele mês.
Cientistas do clima esperavam que o período excepcionalmente quente ao redor do mundo diminuísse após o pico do evento El Niño em janeiro de 2024 e as condições gradualmente mudassem para uma fase de resfriamento do fenômeno La Niña.
 
No entanto, o calor persistiu em níveis recordes ou quase recordes desde então, gerando debate entre os cientistas.
 
 
 

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