Depressão, ansiedade, burnout e agressividade afetam os profissionais

 


Segundo documento sobre saúde mental e trabalho lançado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Internacional do Trabalho (OIT) no final de 2022, cerca de 15% dos trabalhadores adultos do mundo sofrem de algum transtorno psicológico. Psiquiatra, escritor best-seller, palestrante e autor do livro “Inteligência Afetiva – o carinho ainda é essencial”, Roberto Shinyashiki percebeu empiricamente como este era um grande problema para os profissionais.

Conversando com as áreas de Recursos Humanos (RH) das empresas que lhe pediam palestras, Shinyashiki detectou que as quatro maiores queixas profissionais, cada vez mais comuns não apenas no ambiente de trabalho, como na esfera pessoal, estavam relacionadas à saúde mental. Depressão, ansiedade, burnout e agressividade eram os sintomas que mais assombravam os colaboradores. A partir daí, o psiquiatra elaborou o conceito DABA – acrônimo destes sintomas

De acordo com Shinyashiki, o DABA tem como origem a solidão sentida pelos profissionais na esteira do estresse e da pressão que enfrentam no dia a dia de seus trabalhos. “O ambiente competitivo, com metas cada vez mais inatingíveis, e frio de afeto, que caracteriza as empresas, faz com que os profissionais se sintam rejeitados ou abandonados antes mesmo de o serem, porque têm medo de serem demitidos, desvalorizados e preteridos”, diz.

O DABA pode se desenvolver da seguinte maneira, explica o psiquiatra: para cumprir prazos apertados e manter sua posição na empresa, o funcionário trabalha de maneira árdua e sem descanso. Paulatinamente, apresenta sinais de cansaço, falta de motivação e apatia. Com o foco direcionado apenas nas tarefas que precisa realizar e nos objetivos que necessita cumprir, isola-se e experimenta a solidão. Esta, por sua vez, incapacita-o para buscar ajuda. Sem saber reconhecer os sintomas do DABA e lidar com o que sente, o profissional passa a ter comportamentos agressivos frequentes no trabalho, que acabam por reforçar e intensificar sua solidão. Forma-se, assim, um ciclo vicioso.

Quando um indivíduo sofre de DABA, afirma Shinyashiki, ele volta para a casa exausto, após um dia de trabalho, como se tudo que fizesse não fosse suficiente para cumprir seus objetivos. “Dessa forma, experimenta angústia e a depressão, que normalmente esconde por vergonha, e, aos poucos, fica tão irritado, por não saber lidar com a situação, que estoura com os outros em diversas situações do seu cotidiano, muitas vezes sem motivo aparente. Tal estado de depressão e angústia leva inevitavelmente à exaustão”, declara.

Diante dos sintomas que fazem parte do DABA, muitas pessoas procuram ajuda de fármacos e, segundo o psiquiatra, é bom que o façam, claro, se houver um aconselhamento médico. “O tratamento medicamentoso é importante, porque ajuda a combater os sintomas”, diz. Contudo, destaca Shinyashiki, para conseguir tratar a fundo o DABA, conseguindo resultados sustentáveis, o indivíduo precisa compreender e identificar seus sintomas, através da tomada de consciência de seu estado atual. “Só assim poderá ultrapassar as barreiras que estão prejudicando a sua saúde mental e impedindo de viver uma vida verdadeiramente saudável e feliz”, afirma.

Para tanto, ressalta Shinyashiki, é imprescindível mudar o estilo de vida, colocando a inteligência afetiva na sua maneira de se relacionar. “Habilidade de compreender, assimilar e usar afetivamente pensamentos, emoções e ações nos vínculos interpessoais para cultivar relacionamento plenos, a inteligência afetiva é um santo remédio para o DABA, justamente porque permite que a pessoa se olhe, se ouça e perceba como está se sentindo e como está tratando a si mesmo e aos outros”, diz.

O psiquiatra explica que a partir da inteligência afetiva o indivíduo encontra forças para buscar ajuda com o intuito de lidar com os sintomas do DABA, ou seja, tratar a depressão, liberar a ansiedade, cuidar de si e se permitir ser cuidado no caso de um burnout, e desculpar-se e se corrigir quando apresentar comportamento agressivo em momentos inadequados.

Além da inteligência afetiva, o indivíduo deve trabalhar em mais frentes para se livrar da agonia que é viver com DABA. São elas: participar de grupos de pessoas que sejam abundantes em afeto e alegria; criar rotinas na vida profissional e pessoal nas quais se sinta amado; e ajudar as pessoas ao seu redor a sentirem muito amadas. Porque, destaca Shinyashiki, para espantar o medo da depressão e da ansiedade, e as demais doenças mentais que são desencadeadas por uma rotina estressante de trabalho, é preciso viver uma vida repleta de amor e plena de sentido.

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