Após trocar o comando da Petrobras na noite de ontem, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, neste sábado, que não interferiu na estatal. Ele também questionou a qualidade do combustível vendido no Brasil e disse que, "se todos os órgãos estivessem funcionando", a gasolina deveria ser 15% mais barata. As declarações foram dadas em live no Instagram.
"Vou continuar sem interferir, interferência zero. Contudo, vai ter transparência e previsibilidade. Não adianta a imprensa falar que eu intervir. Estou na mesma linha que na questão da Polícia Federal, e não acharam nada de interferência minha no tocante à PF", disse, em referência às acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Na noite de ontem, Bolsonaro anunciou a demissão do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. O dirigente da estatal vinha irritando Bolsonaro por conta do aumento dos combustíveis, especialmente o diesel. A situação se agravou depois que Castello Branco, em janeiro, ainda sob a pressão da ameaça de greve dos caminhoneiros, afirmou que a insatisfação da categoria é “um problema que não é da Petrobras”.
Na transmissão deste sábado, Bolsonaro afirmou que a prova de que não haveria interferência na Petrobras é que o reajuste de 15% no diesel permanece, apesar da mudança no comando. A troca, no entanto, ainda não foi efetivada. Em seguida, questionou a qualidade do combustível vendido no Brasil e pediu mais transparência no setor.
"Agora uma pergunta a vocês: você sabe que quando você coloca seu
combustível no carro você não tem certeza se tem marcando 30 litros lá
no visor da bomba, se tá entrando 30 litros, não sabe a qualidade desse
combustível", disse, acrescentando:
"Quando você pega a nota fiscal você também não sabe quanto de imposto é federal, quanto é estadual, quanto é a margem de lucro dos postos e quanto se paga também na questão da distribuição. Você não sabe de nada, é uma caixa preta", afirmou.
De acordo com o presidente, em alguns locais do país os "postos de
gasolina estão nas mãos de gente que faz parte de organizações
criminosas" e é preciso solucionar esse problema. Ele também disse que,
caso os órgãos de fiscalização estivessem funcionando, o combustível
deveria ser 15% mais barato.
Hoje em dia eu acho que a gasolina, o combustível, poderia ser, no mínimo, 15% mais barato, se todos os órgãos estivessem funcionando. Quem são todos os órgãos? Os órgãos de fiscalização ou de colaboração para fiscalizar — afirmou, citando a Petrobras, o Ministério de Minas e Energia, a Receita Federal e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Bolsonaro criticou a Receita Federal "que tem que ver a nota fiscal e
não vê" e deu um ultimato ao Inmetro para elaborar uma "maneira de nós
realmente aferirmos à distância, se aquele posto está vendendo uma
quantidade certa de combustível".
"Outras questões que fazem parte da qualidade do combustível são outros órgãos que ninguém nunca se preocupou em fazer absolutamente nada. Tem aumento de combustível e o pessoal aponta para o presidente da República. Isso vai mudar, já começou a mudar", completou.
Presidente critica home-office
Ao comentar sobre a mudança na estatal, Bolsonaro afirmou que tanto Castello Branco quanto a diretoria da Petrobras estavam trabalhando de casa desde março do ano passado. Segundo Bolsonaro, "não dá para estar a frente de uma estatal dessa forma, coisas erradas acontecem".
"Uma curiosidade: vocês sabiam que desde março do ano passado o presidente da Petrobras está em casa, assim como toda sua diretoria? Não dá para governar, estar a frente de uma estatal dessa forma, coisas erradas acontecem. Um novo presidente, caso aprovado pelo conselho, espero que seja aprovado pelo conselho, vai dar uma nova dinâmica para a Petrobras", comentou.
Desde o início da pandemia da Covid-19, Bolsonaro critica medidas de isolamento social, bem como o uso de equipamentos de proteção contra o vírus, como máscaras.
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