As condições climáticas devem piorar um cenário já crítico criado pelos seres humanos. Com os altos índices de desmatamento na região, há muita matéria orgânica no solo. Queimadas intencionais, para a limpeza de terreno, poderão ser intensificadas com o clima mais quente e seco.
De acordo com cientistas da Nasa e da Universidade da Califórnia em Irvine, estão maiores os riscos de incêndios no sul da Amazônia. O aquecimento das águas também torna as condições mais propícias para furacões. “As águas superficiais mais quentes próximas ao Equador atraem a umidade para o norte e para longe do sul da Amazônia, favorecendo o desenvolvimento de furacões. Como resultado, a paisagem do sul da Amazônia se torna seca e inflamável, tornando os incêndios humanos usados para agricultura e limpeza de terras, mais propensos a crescer fora de controle e propagação”, aponta a Nasa em nota.
Em agosto do ano passado, quando a região atingiu o maior número de focos de incêndio para o mês desde 2010, o governo se apressou em dizer que era uma situação normal por causa da temporada seca. Mas cientistas brasileiros e a própria Nasa divulgaram análises mostrando que o clima não estava tão seco e que a responsabilidade pelo problema era humana, motivada pela alta do desmatamento.
“A previsão para a estação de fogo é consistente com o que vimos em 2005 e 2010, quando as temperaturas quentes da superfície do mar no Atlântico provocaram uma série de furacões graves e provocaram secas recordes no sul da Amazônia que culminaram em incêndios florestais na Amazônia”, afirmou na nota Doug Morton, chefe do Laboratório de Ciências Biosféricas da Nasa.
O maior risco está no sul no Pará, norte de Mato Grosso e Rondônia, justamente os locais que mais desmataram desde o ano passado. “É uma tempestade perfeita: seca, o recente aumento do desmatamento e novas dificuldades para o combate a incêndios (por causa da pandemia de covid-19)”, disse.
fonte: Estadão Conteudo
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