Até agora, nenhuma pesquisa cienfítica que demonstrou a eficácia da hidroxicloroquina apresentou resultados que tenham agradado à comunidade científica. Por causa disso, a Organização Mundial da Saúde não indica o medicamento como um dos possíveis tratamentos benéficos para a covid-19.
No novo estudo, publicado no respeitado periódico científico New England Journal of Medicine, os pesquisadores analisaram 1.376 infectados pelo vírus. Destes, 58,9% (811) foram tratados com a hidroxicloroquina, sendo que 45,8% receberam o tratamento nas 24 horas desde a chegada ao departamento de emergência do hospital até o começo do estudo, e 85,9% receberam o remédio 48 horas após passar pela emergência.
Do total, 346 desenvolveram insuficiência respiratória, 180 foram entubados e 166 morreram sem entubação. Segundo a análise, os pacientes que tomaram a hidroxicloroquina tiveram mais chances de ter insuficiências respiratórias do que aqueles que não a tomaram.
Segundo a pesquisa, o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina, combinando ou não com a azitromicina, é baseado apenas em relatos de médicos e não foram comprovados, até o momento, cientificamente. O principal estudo que ganhou relevância internacional, mesmo sem validação científica, foi conduzido na França, mas tinha uma amostragem pequena de pacientes e não houve grupo de controle, ou seja, uma parcela dos pacientes avaliados que não recebeu os medicamentos.
Ainda assim, a hidroxicloroquina e sua variante cloroquina ganham o noticiário porque os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos afirmaram publicamente que os medicamentos tinha chances de curar pacientes com a covid-19 — o que fez com que a hidroxicloroquina sumisse das farmácias no Brasil, deixando pessoas com doenças como lúpus, artrite reumatóide e malária sem o remédio.
No novo estudo, os pesquisadores indicam que não foi encontrado nenhum benefício ou malefício do remédio no tratamento da covid-19, e que as descobertas “não devem ser usadas para beneficiar ou prejudicar o tratamento”, mas que “não apoiam o uso da hidroxicloroquina fora de clínicas.”
“Não achamos que, nesse ponto, com a totalidade das evidências, seja razoável dar essa droga rotineiramente aos pacientes. Não vemos o racional em fazer isso”, disse o doutor Neil Schluger, chefe da divisão de doenças pulmonares, alergias e cuidados críticos da universidade, em entrevista à revista americana Time. “Os médicos veem pacientes que estão morrendo em taxas inacreditáveis e querem fazer algo para ajudar. Mas eu acho que a história da medicina nos mostra que alguns palpites estão certos e muitos, muitos outros estão errados”, afirmou Schluger.
No mês passado, um estudo conduzido por pesquisadores de Manaus indicou que altas doses de cloroquina estariam ligadas a mais mortes de pacientes com covid-19.
No mundo, existem cerca de 200 medicamentos sendo estudados para conter a pandemia do novo coronavírus. Alguns deles são o Remdesivir, o Avigan e o APN01. Por enquanto, nenhum remédio tem aprovação clínica conclusiva, ou seja, em termos simples, o vírus segue infectando humanos sem termos encontrado um tratamento eficaz para combatê-lo. Como informa a reportagem da EXAME. a taxa de aprovação de novos remédios é de 16%, o que reduz a chance de um medicamento eficaz contra a covid-19 ser encontrada logo.
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