
O Palácio do Planalto cancelou, na noite desta
segunda-feira (9) a nomeação de Maria do Carmo Brant de Carvalho da
Secretaria de Diversidade Cultural. Indicada pela secretária especial de
Cultura, Regina Duarte, ela havia sido nomeada para o cargo na última
sexta-feira e não chegou nem mesmo a tomar posse.
Uma edição extra do Diário Oficial da União,
publicada no fim da tarde desta segunda, tornou sem efeito a designação
de Maria do Carmo. O ato é assinado apenas pelo ministro-chefe da Casa
Civil, Walter Braga Netto, e foi visto como uma retaliação por parte dos
olavistas que apoiam o governo a Regina Duarte. No domingo, em
entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, ela disse que existe uma
"facção" no governo que deseja retirá-la do cargo
Oficialmente, a assessoria da Secretaria de
Cultura se limitou a dizer que o cancelamento da nomeação se deve a
"entraves burocráticos". Questionada se Maria do Carmo poderá voltar a
ser designada para o posto, a secretaria de Cultura não respondeu.
Ao tomar posse, Regina disse ao presidente Jair
Bolsonaro que não se esqueceria de que tinha recebido a promessa de
"carta branca" no cargo. Em seguida, ao respondê-la, Bolsonaro afirmou
que exerceria o poder de veto, como já fez em todos os ministérios.
Maria do Carmo foi nomeada no governo de Michel
Temer como secretária nacional de Assistência Social do Ministério do
Desenvolvimento Social e Agrário. Em 2014, ela atuou como coordenadora
da área social do programa de governo do então candidato à Presidência,
Aécio Neves.
Pela manhã, o ministério do Turismo, ao qual a
Secretaria de Cultura é subordinada, publicou o currículo da
profissional, que é doutora em Serviço Social pela PUC-SP. Ela também
foi integrante do Conselho Superior de Responsabilidade Social da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP),
secretária-adjunta na Secretaria Municipal de Assistência Social de São
Paulo e superintendente do Centro de Estudos e Pesquisa em Educação,
Cultura e Ação Comunitária. "Ela ficará responsável, entre outras
funções, por articular e coordenar ações de fomento às expressões
culturais populares", destacou o site da pasta.
Após afirmar que uma "facção" deseja tirá-la da
secretaria de Cultura, Regina recebeu críticas públicas do ministro da
Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, do escritor Olavo de Carvalho
e do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, subordinado a
ela.
Apontado como um dos fiadores da entrada da atriz no
governo, Ramos disse ao Estado que "não foi boa" a declaração de
Regina. Articulador político do Palácio do Planalto, o ministro também
defendeu Camargo, chamado pela atriz de "ativista" e de "problema", em
entrevista à TV Globo exibida no domingo, 8. A assessoria da nova
secretária afirma que o presidente Jair Bolsonaro sabia da gravação à
emissora.
Desde que foi anunciada como substituta de Roberto
Alvim, demitido por parafrasear o nazista Joseph Goebbels, a atriz tem
recebido uma enxurrada de críticas nas redes sociais. Os ataques partem
de apoiadores de Bolsonaro, que não gostaram das demissões de
integrantes do movimento conservador.