O prazo para a implantação da placa Mercosul em todo o Brasil expirou
na última sexta-feira. No entanto, cinco Estados relataram "problemas
sistêmicos" ao Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), que
prorrogou "impreterivelmente" até 17 de fevereiro a data-limite para a
adesão ao novo formato de identificação veicular.
Conforme o órgão de trânsito informou ao ZN,
os Detrans (Departamentos Estaduais de Trânsito) de Alagoas, Mato
Grosso, Minas Gerais, Sergipe e Tocantins "encaminharam ofício expondo
alguns entraves para implantação das novas placas no prazo previsto".
Segundo
o Denatran, esses Estados alegam "falhas na implantação do sistema e/ou
atraso no credenciamento das empresas estampadoras" - responsáveis pela
inserção dos caracteres das placas e também pela venda do item ao
consumidor.
Estados que tiveram adiamento seguem com placa cinza
O
Departamento Nacional de Trânsito acrescenta que a prorrogação no prazo
é restrita aos cinco Estados, que poderão seguir emitindo a placa cinza
até 17 de fevereiro.
"Nas demais 22 unidades da federação, a nova
placa já está sendo utilizada ou terá início na próxima segunda-feira,
dia 3 de fevereiro", diz nota enviada à reportagem.
Em tese, os
Detrans que não aderiram ao novo padrão dentro do prazo de 31 de janeiro
não poderiam seguir emplacando novos veículos com a placa cinza.
Porém,
o Denatran diz que o Artigo 26 da Resolução 780/2019 do Contran
(Conselho Nacional de Trânsito), que trata do novo formato de
identificação veicular, prevê a possibilidade de prorrogar o prazo "em
face de aspectos regionais justificados e fundamentados".
"Assim, o Denatran decidiu conceder a prorrogação", complementa.
Anunciado
em 2014 e implantado inicialmente no Rio de Janeiro em setembro de
2018, o padrão Mercosul já passou por uma série de adiamentos no Brasil.
A
reportagem pediu esclarecimentos aos cinco Detrans que atrasaram a
implantação da nova placa. Até o momento, apenas a autarquia mineira
enviou resposta.
Além disso, os Detrans de Minas Gerais e do Mato Grosso se manifestaram sobre o adiamento nos seus respectivos portais.
Detrans falam em prazo maior
Enquanto
o Denatran estabelece nova data-limite para 17 de fevereiro, o
Detran-MG, que tem uma das maiores frotas do Brasil, prevê um prazo mais
elástico para migrar ao novo formato de chapa.
Em nota enviada ao ZN, o departamento de Minas Gerais prevê a implantação definitiva em 2 de março.
"O
Detran-MG ressalta que os sistemas informatizados que irão operar o
novo modelo de emplacamento e credenciamento das estampadoras já estão
prontos. Todas as demais etapas serão analisadas no prazo máximo de 30
dias, estando prevista a implantação definitiva em 2 de março, conforme a
Portaria 49, que regulamenta o credenciamento e o cadastramento de
estampadoras e fabricantes de placas veiculares".
A portaria foi publicada na última quarta-feira, quando teve início o cadastramento essas empresas no Estado.
Por meio de comunicado publicado em seu site oficial, o Detran-MG
acrescenta que "a data de início do emplacamento com o novo modelo, com
quatro letras e três números, será amplamente divulgada, nos próximos
dias, por meio do portal, redes sociais e veículos de comunicação".
Já o Detran do Mato Grosso publicou nota
em seu portal no dia 22 de janeiro dizendo que a adesão será
"gradativa" e que o prazo estimado "é de 60 dias, a partir do dia 31 de
janeiro".
A autarquia diz já ter realizado "todas as alterações
sistêmicas necessárias para a implantação do novo modelo de emplacamento
e atualmente aguarda a gestão por parte do Denatran para que o Estado
passe a aderir" à placa Mercosul.
Por sua vez, os Detrans de Alagoas, Sergipe e Tocantins não publicaram notas a respeito do adiamento nos seus sites.
Confira abaixo todos os detalhes da placa Mercosul.
Vou ter de trocar a placa do carro?
Placa
Mercosul será obrigatória para veículos novos; carro com placa cinza
que trocar município de registro também terá de migrar ao novo formato
Imagem: Fernando MiragayaConforme
a Resolução 780/2019 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), a
partir da virada do mês a placa Mercosul será obrigatória no
emplacamento de veículos novos.
Por sua vez, quem possui placa
cinza terá de substituí-la pela Mercosul quando houver mudança de
categoria do veículo ou furto, extravio, roubo ou dano do dispositivo. A
troca também está prevista em caso de transferência do registro para
outro município ou Estado.
Porém, os proprietários que já utilizam
a placa Mercosul não terão de comprar outra nessa circunstância, já que
o padrão não exibe a cidade onde foi realizado o emplacamento.
Pessoas que desejam trocar voluntariamente também podem aderir ao novo modelo.
O que a nova placa traz de diferente
Mais recente versão perdeu efeito difrativo e colorido nos caracteres e ondas sinusoidais no fundo branco
Imagem: DivulgaçãoEnquanto
a placa cinza traz uma combinação de três letras precedendo quatro
números, a Mercosul é formada por três letras, um número, outra letra e
dois algarismos, nessa ordem.
A troca de um número por uma letra
permite quantidade muito maior de combinações alfanuméricas: serão
possíveis cerca 450 milhões de combinações, a serem compartilhadas entre
todos os países do Mercosul. Bem mais do que as 175 milhões de
possibilidades das atuais placas com fundo cinza.
Além disso, as
novas placas preveem um banco de dados integrado entre os países que
adotam o formato, permitindo aos agentes de trânsito e polícias
consultarem as informações de determinado veículo, seja ele registrado
no Brasil, na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. O Denatran informa
que esse sistema já está operante.
O padrão Mercosul também deixa
de adotar o lacre, substituído pelo QR Code - código bidimensional que
permite consultar os dados veiculares, bem como rastrear a produção de
determinada placa, com o objetivo de prevenir clonagens. O QR Code pode
ser lido por meio do aplicativo Vio, que tem download gratuito para
dispositivos Android e iOS.
Para completar, a cor dos caracteres muda de acordo com a categoria do veículo: +Preta -- carro particular +Cinza -- veículo antigo de coleção +Vermelha -- comerciais ou de aprendizagem +Amarela -- diplomático ou consular +Verde -- especial (como protótipos de testes) +Azul -- veículos de órgãos oficiais
Placa Mercosul ficou mais simples
A
quarta e mais recente versão da placa Mercosul passou a valer no dia 26
de agosto de 2019, quando entraram em vigor as novas regras do Contran
para o padrão de identificação veicular.
Na atualização, realizada
por meio da Resolução 780, a chapa Mercosul deixou de trazer duas
características visuais criadas para prevenir clonagens e falsificações:
as palavras "Brasil" e "Mercosul" com efeito refletivo, semelhante a um
holograma, aplicadas sobre os caracteres e na borda externa; e as
chamadas ondas sinusoidais, grafadas no fundo branco do equipamento.
As inscrições passam a vir na mesma cor dos caracteres, praticamente desaparecendo.
Desde
a estreia no Rio de Janeiro, o novo padrão de identificação veicular
passou por outras modificações visuais, sempre relacionadas a itens de
segurança e com a alegação, de parte do governo federal, de redução nos
custos de fabricação e, consequentemente, nos preços ao consumidor
final.
A primeira delas aconteceu já em setembro de 2018, por meio
da Resolução 741, que retirou o lacre, utilizado até hoje na placa
cinza e substituído pelo QR Code - que permite rastrear todo o processo
de produção da placa.
Em novembro do mesmo ano, outra resolução
(748) do Contran determinou a exclusão da bandeira do Estado e do brasão
do município de registro do veículo.
Vai ficar mais cara?
A simplificação do projeto original da placa Mercosul foi elogiada na quarta-feira passada por Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, o presidente mencionou
que a retirada de elementos de segurança evitou que o novo padrão de
identificação veicular custasse "o dobro" do preço da placa cinza.
Bolsonaro também disse que "as medidas adotadas significam R$ 2 bilhões/ano de economia para sociedade".
De fato, a remoção de itens como lacre, brasão do município e bandeira do Estado fizeram o preço da nova placa cair
na comparação com sua antecessora no Rio de Janeiro. Porém, em Estados
como Espírito Santo, sua implantação, em dezembro de 2018, fez o item
encarecer - ao menos em um primeiro momento.
No Acre, o emplacamento também ficou mais caro. O mesmo aconteceu em outros Estados.
- PLACAS MERCOSUL -
1-
As primeiras tratativas para unificar os modelos de placas dos paises
do MERCOSUL iniciaram em 2010 durante o governo Lula. A placa MERCOSUL
foi efetivamente criada em 2014, no governo Dilma, já com a participação
da Venezuela.
Vale
destacar que o preço não está relacionado apenas aos itens de segurança
e à complexidade de fabricação, mas também depende do mercado.
A
maioria das unidades da federação adota o livre mercado, enquanto
Amazonas, Paraíba e Rio de Janeiro mantêm o sistema de licitação, com
preços tabelados. No entanto, independentemente do valor, a
simplificação da nova placa tem facilitado casos de falsificações e
venda irregular.
A placa Mercosul é mais segura?
Bahia já migrou para o padrão Mercosul e faz credenciamento; Estado enfrenta fraudes e tem venda de placas no meio da rua
Imagem: ReproduçãoConforme ZN já comprovou, a simplificação da placa, associada à falta de controle de processos de fabricação e venda, tem resultado em uma série de relatos de clonagens e falsificações do dispositivo.
Na
Bahia, por exemplo, funcionários de empresas estampadoras foram
flagrados recentemente vendendo a placa Mercosul no meio da rua - uma
prática irregular.
Em julho de 2019, a Polícia Civil de São Paulo
prendeu na capital paulista dois homens "por integrarem quadrilha
especializada em vendas de carros de procedência ilícita para o crime
organizado". Com eles, havia dois veículos roubados no Rio de Janeiro e
que estavam à venda, por preço muito inferior ao de mercado, com placas
no padrão Mercosul clonadas.
Há alguns meses, noticiamos que casos de venda de "réplicas" em um site de classificados.
Em
contato com a reportagem, o Denatran (Departamento Nacional de
Trânsito) afirma que "não procede a informação de que a clonagem da nova
placa é mais fácil. Com a nova placa, a clonagem é dificultada,
justamente por conta do QR Code, com o qual é possível identificar
imediatamente a situação da placa [placa original, placa extraviada ou
placa falsa]".