
O uso de drones, aquelas aeronaves pilotadas à distância, no campo de batalha é um assunto controverso porque transforma a guerra em algo tão impessoal que até parece videogame. Basta tocar em um botão, e o inimigo vai pelos ares. Mas... e se não for o combatentes e, sim, apenas um civil?
O assunto já é envolto em uma cortina de falta de transparência, mas promete ficar ainda mais nebuloso. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, permitiu nesta quarta-feira (6) que os serviços de inteligência não reportem as mortes causadas por drones que ocorrerem fora de zonas de combate. Ainda que seja controverso em todo mundo, o uso de aeronaves não tripuladas possui entusiastas no Brasil, como o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC).
'Crime de guerra'
A decisão de Trump revoga uma ordem expedida por Barack Obama em 2016. Na época, o então presidente dos EUA estava sob imensa pressão devido a denúncias feitas por entidades de direitos civis de que bombas lançadas por aeronaves norte-americanas eliminavam não só suspeitos de terrorismo, mas também pessoas que nada tinham a ver com o combate. Alguns ativistas classificaram as ações como "crimes de guerra".
A divulgação dos dados não acabou com a polêmica, já que os números de mortes compilados pelos EUA não compreendiam toda a atuação do país em conflitos no Oriente Média e eram bem menores do que os levantados por organizações como a Anistia Internacional. Segundo os cálculos da entidade, apenas no Paquistão, foram mortas entre 2.000 e 4.700 pessoas em decorrência a ataques de drones entre 2004 e 2013.
Já o primeiro relatório divulgado por Obama em 2016 apresentou apenas dados referentes à gestão dele e iam de 2009 a 2015. Segundo o documento, houve nesse período 473 operações "fora de áreas com hostilidade ativa" que mataram entre 2.372 e 2.581 "combatentes" e entre 64 e 116 "não combatentes".
O relatório referente às mortes de 2016 deveria ser publicado em 1º de maio de 2017 pela administração Trump. Isso, no entanto, não ocorreu. Sua gestão também não liberou o documento em 2018.
Para possuir alguma estatística, o Bureau de Jornalismo Investigativo fez as contas do número de ataques com drones: somente nos dois primeiros anos de Trump na presidência, foram 2.243. Esse número é 19 superior ao total de bombardeios feitos nos oito anos da gestão Obama.
Agora, Trump transforma a estratégia extraoficial de esconder mortes por drones em política oficial. Ele, no entanto, faz uma ressalva. O Congresso dos EUA pode exigir que a Secretaria de Defesa revele o saldo de mortes em um documento livre de sigilo. Só que, escreve o presidente dos EUA, este relatório poderá conter trechos fechados ao público.
O assunto já é envolto em uma cortina de falta de transparência, mas promete ficar ainda mais nebuloso. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, permitiu nesta quarta-feira (6) que os serviços de inteligência não reportem as mortes causadas por drones que ocorrerem fora de zonas de combate. Ainda que seja controverso em todo mundo, o uso de aeronaves não tripuladas possui entusiastas no Brasil, como o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC).
'Crime de guerra'
A decisão de Trump revoga uma ordem expedida por Barack Obama em 2016. Na época, o então presidente dos EUA estava sob imensa pressão devido a denúncias feitas por entidades de direitos civis de que bombas lançadas por aeronaves norte-americanas eliminavam não só suspeitos de terrorismo, mas também pessoas que nada tinham a ver com o combate. Alguns ativistas classificaram as ações como "crimes de guerra".
A divulgação dos dados não acabou com a polêmica, já que os números de mortes compilados pelos EUA não compreendiam toda a atuação do país em conflitos no Oriente Média e eram bem menores do que os levantados por organizações como a Anistia Internacional. Segundo os cálculos da entidade, apenas no Paquistão, foram mortas entre 2.000 e 4.700 pessoas em decorrência a ataques de drones entre 2004 e 2013.
Já o primeiro relatório divulgado por Obama em 2016 apresentou apenas dados referentes à gestão dele e iam de 2009 a 2015. Segundo o documento, houve nesse período 473 operações "fora de áreas com hostilidade ativa" que mataram entre 2.372 e 2.581 "combatentes" e entre 64 e 116 "não combatentes".
O relatório referente às mortes de 2016 deveria ser publicado em 1º de maio de 2017 pela administração Trump. Isso, no entanto, não ocorreu. Sua gestão também não liberou o documento em 2018.
Para possuir alguma estatística, o Bureau de Jornalismo Investigativo fez as contas do número de ataques com drones: somente nos dois primeiros anos de Trump na presidência, foram 2.243. Esse número é 19 superior ao total de bombardeios feitos nos oito anos da gestão Obama.
Agora, Trump transforma a estratégia extraoficial de esconder mortes por drones em política oficial. Ele, no entanto, faz uma ressalva. O Congresso dos EUA pode exigir que a Secretaria de Defesa revele o saldo de mortes em um documento livre de sigilo. Só que, escreve o presidente dos EUA, este relatório poderá conter trechos fechados ao público.
A ordem de Trump joga sombras ainda sobre os ataques feitos pela CIA e outras agências governamentais. A opinião de grupos como o Direitos Humanos Primeiro é que Trump assinou essa diretriz justamente para acobertar esse tipo de bombardeio.
Segundo Hina Shamsi, diretor da União Americana das Liberdades Civis (ACLU), afirmou à Associated Press, a de decisão é "profundamente errada e perigosa para a prestação pública de contas".
Essa decisão irá esconder do público a contagem do governo do número total de mortes causadas todo ano por seu programa de força letal
Ainda que atacado no país que mais utiliza esse tipo de armamento, o uso de drones em combates possui defensores no Brasil. Um deles é o governador do Rio, Wilson Witzel. Durante a campanha do ano passado, ele prometeu contratar atiradores de elite e usar drones para abater traficantes em favelas.
Este ano, já eleito, ele viajou a Israel para conhecer empresas como a Elbit e a Israel Aeroespace Industries, que produzem drones armados e para monitoramento de regiões de difícil acesso.
Segundo Hina Shamsi, diretor da União Americana das Liberdades Civis (ACLU), afirmou à Associated Press, a de decisão é "profundamente errada e perigosa para a prestação pública de contas".
Essa decisão irá esconder do público a contagem do governo do número total de mortes causadas todo ano por seu programa de força letal
Ainda que atacado no país que mais utiliza esse tipo de armamento, o uso de drones em combates possui defensores no Brasil. Um deles é o governador do Rio, Wilson Witzel. Durante a campanha do ano passado, ele prometeu contratar atiradores de elite e usar drones para abater traficantes em favelas.
Este ano, já eleito, ele viajou a Israel para conhecer empresas como a Elbit e a Israel Aeroespace Industries, que produzem drones armados e para monitoramento de regiões de difícil acesso.