
Ele mostra que, com investimento de menos de R$ 5 por dia (R$ 143 por mês) a partir dos 30 anos de idade, é possível se aposentar aos 60 anos com um acúmulo de R$ 500 mil, considerando juros de 1 ao mês. Mas, se demorar muito para começar essa poupança, o investimento mensal tem de ser bem maior.
Aumenta número de brasileiros que não poupam
Uma pesquisa da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) no final do ano passado apontou que o grupo de brasileiros que declarava não guardar dinheiro para o futuro subiu dez pontos porcentuais em apenas um ano, de 47% em 2017 para 56% em 2018.
"Esse cenário é assustador", disse o professor da FGV. Principalmente porque a pessoa recebe menos na aposentadoria e começa a gastar mais, sobretudo com saúde.
Segundo o professor, um jovem gasta entre R$ 300 e R$ 400 por ano com médicos e medicamentos. No caso dos idosos, esses valores são multiplicados por dez. Ou seja, pulam para R$ 3.000 a R$ 4.000. "Embora esses dados não estejam atualizados, é uma referência que não pode ser ignorada", afirmou o professor.
Veja os cálculos de investimento conforme a idade
O valor máximo que o INSS paga de aposentadoria é R$ 5.839,45. Para o professor da FGV, é preciso poupar. Se uma pessoa juntar R$ 3 por dia, em um mês terá conseguido R$ 90 e, em um ano, R$ 1.000.
O professor disse que, se a taxa de juro com a qual começar a poupar for menor do que 1, terá de guardar mais por mês.
Com 0,6% de juros ao mês, teria de desembolsar R$ 393,94 por mês se começasse aos 30 anos. Aos 50 anos, teria de poupar R$ 2.857,09 por mês durante 30 anos para conseguir os R$ 500 mil", disse o professor.
Mesmo ganhando menos dá para poupar
Ana Leoni, superintendente de Educação da Anbima, disse que o argumento de que não sobra dinheiro para poupar não pode se transformar em desculpa. De acordo com ela, a taxa de poupança em países vizinhos ao Brasil é maior, sendo que a renda per capita deles é menor.
"Não importa a receita. Temos de aprender a controlar os gastos. Temos de aprender a priorizar a poupança, não o consumo. Caso contrário, a vida de uma pessoa pode ficar comprometida. É preciso acionar o gatilho do desejo de poupar", declarou Ana.
Para ela, a independência financeira precisa ser buscada para o dia a dia. Ela afirmou ainda que o conceito de investimento é muito mais amplo do que apenas investir, por exemplo, em imóveis ou em outros bens materiais.
Pessoas contam com aposentadoria oficial
Pior é que uma maioria de 56%, segundo a pesquisa da Anbima, espera contar com a Previdência para seu sustento quando se aposentar. O certo seria um número maior de pessoas acreditar que precisa poupar porque não poderá contar com o INSS quando envelhecer.
"É claro que uma eventual reforma da Previdência pode trazer mais tranquilidade, mas será que essa é a única alternativa?", disse a executiva da Anbima.
Segundo ela, conseguir uma reserva financeira permitirá encontrar tranquilidade, não apenas para o fase da aposentadoria, mas também para a sobrevivência ao longo da vida, que pode trazer imprevistos. "Esses imprevistos podem abalar a aposentadoria ou o planejamento para a velhice."