O desenvolvimento de pesquisas para a produção de carne em laboratório tem levantado diversas possibilidades tanto para o meio científico quanto para quem busca o consumo de proteínas que não sejam derivadas de animais. Apesar de abrir horizontes culinários e na proteção de gados, a produção de carne em ambientes artificiais pode gerar danos alarmantes ao meio ambiente.
Quem está apontando isso são pesquisadores da Universidade de Oxford. Um novo estudo comparou os danos ambientais causados por animais com os provocados pela produção de carne em laboratório.
Quando o assunto é aquecimento global, o grande problema das vacas e bois é representado por duas letrinhas e um número: CH4, o metano. Os animais emitem metano aos montes, em forma de gases, por conta de seu sistema digestivo.
Já os hambúrgueres de laboratório não soltam pum. Ponto positivo para eles, certo? Mais ou menos.
De acordo com os pesquisadores, a produção da carne artificial emitiria, durante o processo, dióxido de carbono.
Para um leigo, isso pode até não ser alarmante, mas os cientistas ficaram preocupados. O motivo é como cada uma dessas substâncias interage com o meio ambiente.
"Para cada tonelada emitida, o metano tem um impacto muito maior que o dióxido carbono. No entanto, ele só fica na atmosfera por cerca de 12 anos, já o dióxido de carbono pode ficar ali por milênios", contou à BBC, Raymond Pierrehumbert, coautor da pesquisa.
Isso significa que o impacto, a longo prazo, do metano não é cumulativo. Seu impacto depende de como as emissões crescem os diminuem ao longo do tempo.
Além disso, os pesquisadores concluíram que, para produzir as carnes, laboratórios teriam que usar uma quantidade gritante de energia. O que, por si só seria uma outra forma de atacar a natureza.
De qualquer forma, a expectativa é de que o mercado de carne dobre de volume até 2050, tornando o impacto climático da carne como alimento tão sério quanto o dos transportes. As carnes artificiais poderiam ajudar a compensar os custos ambientais, mas precisam avançar.
Segundo um estudo das universidades de Oxford e Amsterdã, se a humanidade passasse a comer em massa carne cultivada, seriam emitidos 80 menos gases do efeito estufa, e 99% menos terra seria ocupada para a pecuária. Além disso, para cada 15 gramas de proteína animal, são necessários 100 gramas de proteína vegetal. Quase metade da superfície arável do planeta já é coberta por pastos ou plantações para produção de ração animal, enquanto apenas 4% é dedicada a safras para consumo humano.
Cultivar carne em grande escala exige grande consumo de energia - mas, ainda assim, 7% a menos do que a criação de animais para abate.
Mas, enquanto o avanço não vem, paira a dúvida sobre as altas emissões da carne in vitro.
Carnes em cápsula ou de impressora: encara?
O primeiro hambúrguer de laboratório foi criado em 2013, por um time de pesquisadores holandeses. Mas desde lá a indústria não avançou muito. Por ser um estudo de vanguarda, a produção ainda custa muito caro.
O tal hambúrguer da Holanda saiu por 290 euros (R$ 1,2 mil), e só saiu do papel porque contou com o financiamento do ex-presidente do Google e atual da Alphabet, Sergey Brin.
Seus cientistas haviam cultivado 20 mil fibras de músculo a partir de células-tronco bovinas, para criar uma substância biologicamente idêntica à carne de vaca. Tratava-se de uma prova de viabilidade, e na época os cientistas afirmavam não esperar que essa "carne cultivada" fosse comercializável antes de 20 a 30 anos.
Logo depois a startup israelense SuperMeat lançou uma nova forma de fazer crescer artificialmente carne de galinha, com potencial de se tornar comercialmente viável dentro de apenas cinco anos, e com um hambúrguer de frango custando apenas 1,80 euro (menos de 6,50 reais).
Para o porta-voz da companhia Shir Friedman, "é a solução perfeita, porque não força ninguém a mudar seus hábitos". "Você não está pedindo às pessoas que se convertam a algum produto tipo tofu ou à base de vegetais, mas oferece exatamente o mesmo produto que as culturas delas vêm comendo há séculos."
Simplesmente não é sustentável. Nós realmente não teríamos alternativa, senão parar. A Terra não possui água nem superfície suficientes, não temos planeta suficiente para continuar nesse caminho .
Quem está apontando isso são pesquisadores da Universidade de Oxford. Um novo estudo comparou os danos ambientais causados por animais com os provocados pela produção de carne em laboratório.
Quando o assunto é aquecimento global, o grande problema das vacas e bois é representado por duas letrinhas e um número: CH4, o metano. Os animais emitem metano aos montes, em forma de gases, por conta de seu sistema digestivo.
Já os hambúrgueres de laboratório não soltam pum. Ponto positivo para eles, certo? Mais ou menos.
De acordo com os pesquisadores, a produção da carne artificial emitiria, durante o processo, dióxido de carbono.
Para um leigo, isso pode até não ser alarmante, mas os cientistas ficaram preocupados. O motivo é como cada uma dessas substâncias interage com o meio ambiente.
"Para cada tonelada emitida, o metano tem um impacto muito maior que o dióxido carbono. No entanto, ele só fica na atmosfera por cerca de 12 anos, já o dióxido de carbono pode ficar ali por milênios", contou à BBC, Raymond Pierrehumbert, coautor da pesquisa.
Isso significa que o impacto, a longo prazo, do metano não é cumulativo. Seu impacto depende de como as emissões crescem os diminuem ao longo do tempo.
Além disso, os pesquisadores concluíram que, para produzir as carnes, laboratórios teriam que usar uma quantidade gritante de energia. O que, por si só seria uma outra forma de atacar a natureza.
De qualquer forma, a expectativa é de que o mercado de carne dobre de volume até 2050, tornando o impacto climático da carne como alimento tão sério quanto o dos transportes. As carnes artificiais poderiam ajudar a compensar os custos ambientais, mas precisam avançar.
Segundo um estudo das universidades de Oxford e Amsterdã, se a humanidade passasse a comer em massa carne cultivada, seriam emitidos 80 menos gases do efeito estufa, e 99% menos terra seria ocupada para a pecuária. Além disso, para cada 15 gramas de proteína animal, são necessários 100 gramas de proteína vegetal. Quase metade da superfície arável do planeta já é coberta por pastos ou plantações para produção de ração animal, enquanto apenas 4% é dedicada a safras para consumo humano.
Cultivar carne em grande escala exige grande consumo de energia - mas, ainda assim, 7% a menos do que a criação de animais para abate.
Mas, enquanto o avanço não vem, paira a dúvida sobre as altas emissões da carne in vitro.
Carnes em cápsula ou de impressora: encara?
O primeiro hambúrguer de laboratório foi criado em 2013, por um time de pesquisadores holandeses. Mas desde lá a indústria não avançou muito. Por ser um estudo de vanguarda, a produção ainda custa muito caro.
O tal hambúrguer da Holanda saiu por 290 euros (R$ 1,2 mil), e só saiu do papel porque contou com o financiamento do ex-presidente do Google e atual da Alphabet, Sergey Brin.
Seus cientistas haviam cultivado 20 mil fibras de músculo a partir de células-tronco bovinas, para criar uma substância biologicamente idêntica à carne de vaca. Tratava-se de uma prova de viabilidade, e na época os cientistas afirmavam não esperar que essa "carne cultivada" fosse comercializável antes de 20 a 30 anos.
Logo depois a startup israelense SuperMeat lançou uma nova forma de fazer crescer artificialmente carne de galinha, com potencial de se tornar comercialmente viável dentro de apenas cinco anos, e com um hambúrguer de frango custando apenas 1,80 euro (menos de 6,50 reais).
Para o porta-voz da companhia Shir Friedman, "é a solução perfeita, porque não força ninguém a mudar seus hábitos". "Você não está pedindo às pessoas que se convertam a algum produto tipo tofu ou à base de vegetais, mas oferece exatamente o mesmo produto que as culturas delas vêm comendo há séculos."
Simplesmente não é sustentável. Nós realmente não teríamos alternativa, senão parar. A Terra não possui água nem superfície suficientes, não temos planeta suficiente para continuar nesse caminho .
Friedman, da SuperMeat
A meta é cultivar peitos de frango num "forno de carne", a partir das células de aves reais. Localizados em fábricas, supermercados, restaurantes e, por fim, até mesmo em residências particulares, os aparelhos permitiriam aos consumidores criarem sua própria carne apenas com a introdução de uma cápsula.
Nesse método não se usa soro animal, como no hambúrguer de Brin, mas sim células. Ele se baseia na tecnologia revolucionária desenvolvida em 2006 por Yaakov Nahmias, professor da Universidade Hebraica: uma técnica de impressão em 3D utilizada por ele para mapear células hepáticas humanas.
Outra empresa de Israel, a Aleph Farms, apresentou no ano passado um bife criado em laboratório, que custa 50 dólares para ser produzido. (Com DW)
A meta é cultivar peitos de frango num "forno de carne", a partir das células de aves reais. Localizados em fábricas, supermercados, restaurantes e, por fim, até mesmo em residências particulares, os aparelhos permitiriam aos consumidores criarem sua própria carne apenas com a introdução de uma cápsula.
Nesse método não se usa soro animal, como no hambúrguer de Brin, mas sim células. Ele se baseia na tecnologia revolucionária desenvolvida em 2006 por Yaakov Nahmias, professor da Universidade Hebraica: uma técnica de impressão em 3D utilizada por ele para mapear células hepáticas humanas.
Outra empresa de Israel, a Aleph Farms, apresentou no ano passado um bife criado em laboratório, que custa 50 dólares para ser produzido. (Com DW)