A avalanche de lama de rejeitos expelida pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) no último dia 25 de janeiro espalhou uma mistura de minérios com baixo teor de ferro, areia e água pelas áreas atingidas.
No entanto, análises realizadas em trechos afetados do rio Paraopeba já indicam ser possível que a lama contenha outros metais pesados, como mercúrio, chumbo, níquel, cádmio e zinco.
Se ingeridos em alta quantidade ou caso fiquem em contato com o corpo humano por períodos prolongados, os metais fazem mal ao corpo humano e podem ser catalisadores de doenças graves, como demência e alguns tipos de câncer. Devido à enchente que se formou na região, a possibilidade de leptospirose também é motivo de preocupação.
Por isso, os bombeiros chamados para atuar no resgate a vítimas da tragédia contam com vários procedimentos a fim de manter a saúde -- física e mental. As medidas vão desde a ingestão de remédios, passam por um banho de desintoxicação e vão até a programação de exames um ano após o contato com os rejeitos.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara, explica que, quando os destacamentos militares são escolhidos, é feita uma análise preliminar sobre as condições de saúde de seus integrantes. São checados históricos físicos e psicológicos, e quem não atender aos requisitos mínimos não é convocado para viajar a Brumadinho.
Uma vez no local, os bombeiros se revezam em turnos de trabalho e descanso, sendo que cada grupo que tem contato direto com a lama costuma permanecer de dois a três dias na cidade. Terminado esse período, voltam para o local de origem.
Infectologistas foram consultados para analisar que malefícios o conteúdo da lama espalhada pelos morros de Brumadinho pode gerar. Segundo o manual de segurança para a atuação dos bombeiros, toda água cuja procedência seja desconhecida é considerada contaminada.
Quando há exposição à água suja em grandes quantidades, um surto de leptospirose pode se disseminar. A doença é causada pela bactéria Leptospira, que pode estar presente na urina de ratos, bois, porcos, cavalos e cães, entre outros animais, e, em contato com a pele, pode entrar no corpo humano. Os efeitos são potencialmente graves e, se não tratados, podem matar.
Por isso, cada membro da corporação que vai para a lama de rejeitos tem de tomar 200 miligramas de antibiótico à base de cloridrato de doxiciclina. O uso do remédio pela população em geral sem a manifestação dos sintomas e sem recomendação médica é proibido.
Antes de ir a campo, uma reunião é realizada para fornecer dados das condições do ambiente da lama no dia, informar a estrutura da operação e relembrar os procedimentos de segurança.
"É feita também a distribuição de equipamentos de proteção individual que eles vão usar. Por exemplo, capacete, máscara, óculos, macacão de Neoprene, botas. Todos esses equipamentos diminuem a exposição do militar ao risco e já diminuem consideravelmente a possibilidade de qualquer tipo de contato [com objetos perigosos ou substâncias tóxicas]", afirma Aihara.
Segundo o porta-voz, nenhum bombeiro precisou ser afastado dos trabalhos em Brumadinho por suspeita de contaminação até o momento. Houve casos pontuais de militares que se afastaram por outros tipos de problemas, como lesão no joelho, cortes e alergias, informou.
A assessora de assistência à saúde do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, a coronel Andréia Batista, diz que dois postos de atendimento avançado com médicos, psicólogos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e farmacêuticos foram montados na cidade.
Um fica no quartel-general das operações instalado numa faculdade próximo ao centro. Outro fica no bairro do Córrego do Feijão, um dos mais destruídos pelo rompimento.
Ao voltarem da lama, os bombeiros passam por uma avaliação psicológica em tempo real nessas bases. Os profissionais usam técnicas de descompressão, como meditação e relaxamento, e perguntam aos enviados à operação de busca se estão tendo insônia ou pesadelos, por exemplo.
"A gente faz contatos informais e vai avaliando os sinais e sintomas de questões psicológicas que podem estar ligadas ao adoecimento", diz Andréia, que é psicóloga.
Quanto aos equipamentos enlameados, os bombeiros devem deixá-los de molho em caixas d'água com produtos de ação antisséptica. Em seguida, tomam banho nos chamados "corredores de desinfecção" com a ajuda de jatos de água com hipoclorito de sódio e sabonete detergentes.
No entanto, análises realizadas em trechos afetados do rio Paraopeba já indicam ser possível que a lama contenha outros metais pesados, como mercúrio, chumbo, níquel, cádmio e zinco.
Se ingeridos em alta quantidade ou caso fiquem em contato com o corpo humano por períodos prolongados, os metais fazem mal ao corpo humano e podem ser catalisadores de doenças graves, como demência e alguns tipos de câncer. Devido à enchente que se formou na região, a possibilidade de leptospirose também é motivo de preocupação.
Por isso, os bombeiros chamados para atuar no resgate a vítimas da tragédia contam com vários procedimentos a fim de manter a saúde -- física e mental. As medidas vão desde a ingestão de remédios, passam por um banho de desintoxicação e vão até a programação de exames um ano após o contato com os rejeitos.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara, explica que, quando os destacamentos militares são escolhidos, é feita uma análise preliminar sobre as condições de saúde de seus integrantes. São checados históricos físicos e psicológicos, e quem não atender aos requisitos mínimos não é convocado para viajar a Brumadinho.
Uma vez no local, os bombeiros se revezam em turnos de trabalho e descanso, sendo que cada grupo que tem contato direto com a lama costuma permanecer de dois a três dias na cidade. Terminado esse período, voltam para o local de origem.
Infectologistas foram consultados para analisar que malefícios o conteúdo da lama espalhada pelos morros de Brumadinho pode gerar. Segundo o manual de segurança para a atuação dos bombeiros, toda água cuja procedência seja desconhecida é considerada contaminada.
Quando há exposição à água suja em grandes quantidades, um surto de leptospirose pode se disseminar. A doença é causada pela bactéria Leptospira, que pode estar presente na urina de ratos, bois, porcos, cavalos e cães, entre outros animais, e, em contato com a pele, pode entrar no corpo humano. Os efeitos são potencialmente graves e, se não tratados, podem matar.
Por isso, cada membro da corporação que vai para a lama de rejeitos tem de tomar 200 miligramas de antibiótico à base de cloridrato de doxiciclina. O uso do remédio pela população em geral sem a manifestação dos sintomas e sem recomendação médica é proibido.
Antes de ir a campo, uma reunião é realizada para fornecer dados das condições do ambiente da lama no dia, informar a estrutura da operação e relembrar os procedimentos de segurança.
"É feita também a distribuição de equipamentos de proteção individual que eles vão usar. Por exemplo, capacete, máscara, óculos, macacão de Neoprene, botas. Todos esses equipamentos diminuem a exposição do militar ao risco e já diminuem consideravelmente a possibilidade de qualquer tipo de contato [com objetos perigosos ou substâncias tóxicas]", afirma Aihara.
Segundo o porta-voz, nenhum bombeiro precisou ser afastado dos trabalhos em Brumadinho por suspeita de contaminação até o momento. Houve casos pontuais de militares que se afastaram por outros tipos de problemas, como lesão no joelho, cortes e alergias, informou.
A assessora de assistência à saúde do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, a coronel Andréia Batista, diz que dois postos de atendimento avançado com médicos, psicólogos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e farmacêuticos foram montados na cidade.
Um fica no quartel-general das operações instalado numa faculdade próximo ao centro. Outro fica no bairro do Córrego do Feijão, um dos mais destruídos pelo rompimento.
Ao voltarem da lama, os bombeiros passam por uma avaliação psicológica em tempo real nessas bases. Os profissionais usam técnicas de descompressão, como meditação e relaxamento, e perguntam aos enviados à operação de busca se estão tendo insônia ou pesadelos, por exemplo.
"A gente faz contatos informais e vai avaliando os sinais e sintomas de questões psicológicas que podem estar ligadas ao adoecimento", diz Andréia, que é psicóloga.
Quanto aos equipamentos enlameados, os bombeiros devem deixá-los de molho em caixas d'água com produtos de ação antisséptica. Em seguida, tomam banho nos chamados "corredores de desinfecção" com a ajuda de jatos de água com hipoclorito de sódio e sabonete detergentes.
As mangueiras são controladas por colegas vestindo máscaras no rosto, luvas e roupas brancas totalmente vedadas.
Depois da passagem por Brumadinho, os bombeiros continuam sendo acompanhados pela equipe médica e psicológica da corporação. Em formulários adaptados à experiência no município nas consultas, são analisadas as possibilidades de apresentação de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.
"Se é ocorrência de múltiplas vítimas, a gente pergunta se ele teve contato com corpos ou partes de corpos de adultos, de crianças. A gente vai adaptando isso. Se recebeu equipamento de proteção individual, se manteve contato com familiares de vítimas, se teve dificuldade para dormir, se se alimentou adequadamente", relata a coronel.
Exames sorológicos são feitos a cada três meses, seis meses e um ano com o objetivo de verificar se não foram contaminados pelos metais pesados, além da bateria de testes anuais próprios dos bombeiros e conforme a legislação de saúde ocupacional.
"Em Mariana, a gente fez o acompanhamento de todos esses militares e nenhum militar apresentou problemas [de contaminação]", conta Aihara.
Depois da passagem por Brumadinho, os bombeiros continuam sendo acompanhados pela equipe médica e psicológica da corporação. Em formulários adaptados à experiência no município nas consultas, são analisadas as possibilidades de apresentação de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.
"Se é ocorrência de múltiplas vítimas, a gente pergunta se ele teve contato com corpos ou partes de corpos de adultos, de crianças. A gente vai adaptando isso. Se recebeu equipamento de proteção individual, se manteve contato com familiares de vítimas, se teve dificuldade para dormir, se se alimentou adequadamente", relata a coronel.
Exames sorológicos são feitos a cada três meses, seis meses e um ano com o objetivo de verificar se não foram contaminados pelos metais pesados, além da bateria de testes anuais próprios dos bombeiros e conforme a legislação de saúde ocupacional.
"Em Mariana, a gente fez o acompanhamento de todos esses militares e nenhum militar apresentou problemas [de contaminação]", conta Aihara.