A final da Taça Guanabara, entre Vasco e Fluminense, não terá torcida.
Em decisão na manhã deste domingo, a desembargadora de plantão no
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Lucia Helena do Passo, negou o pedido do Vasco de reconsideração da decisão que determinava portões fechados para o jogo.
A partida acontece às 17h (de Brasília) deste domingo, no Maracanã, e
já tinha mais de 30 mil ingressos vendidos antecipadamente. Na decisão, Lucia Helena determina a devolução dos valores pagos pelos torcedores que já compraram bilhetes.
A devolução deve ser feita em cinco dias sob pena de multa de R$ 5 mil
por dia de descumprimento. Além disso, a magistrada prevê multa de R$
500 mil ao Cruz-Maltino e ao Maracanã em caso de descumprimento da
decisão.
Todo o imbróglio começou com a disputa entre os dois clubes pelo
direito de alocar seus torcedores no setor sul do estádio. O Vasco,
definido como mandante através de sorteio, havia mantido as vendas para o
setor sul à sua apesar da decisão liminar judicial favorável ao Flu.
O presidente Tricolor, contrariado, convocou em coletiva os torcedores
da equipe para "guerra", no sentido de comparecer ao estádio mesmo no
setor norte.
Neste sábado, em decisão da própria desembargadora Lucia Helena do Passo, a Justiça determinou que o clássico seja realizado com portões fechados. O Vasco, no entanto, entrou com um agravo de instrumento durante o plantão judiciário tentando derrubar a decisão.
Diante da confusão, o Maracanã sempre manteve posição favorável ao Cruz-Maltino.
A concessionária que administra o estádio diz "que de maneira nenhuma
descumpriu o contrato com o Fluminense Football Club. O documento
firmado entre as partes dispõe de forma clara, no anexo 5, que a torcida
do clube poderá sim ser alocada em outros setores do Maracanã, nos
casos especificamente em que o Fluminense for visitante”, como é o caso
da final da Taça Guanabara.
Na decisão, a desembargadora Lucia Helena do Passo criticou a falta de consenso entre os dois clubes.
– Verifica-se que os argumentos trazidos pelo Agravante (Vasco) em seu
pedido de reconsideração não evidenciam qualquer alteração fática ou
jurídica que indique o afastamento do risco de confronto e violência nas
torcidas. Ressalte-se que as partes envolvidas nesta
controvérsia (Clube Vasco da Gama e Clube Fluminense e Consórcio
Maracanã) não esboçam nenhum esforço conciliatório para honrar a
tradição de seus times. Logo, deve ser mantida a decisão
proferida por esta Desembargadora em exercício no plantão, em todos os
seus termos e fundamentos – justifica a magistrada.
Entenda a disputa entre Flu e Vasco pelo setor sul do Maracanã
Fluminense e Vasco divergem quanto o direito de sua torcida utilizar o
setor sul do Maracanã em clássicos entre os clubes. O Tricolor argumenta
direito por contrato, enquanto o Cruz-Maltino alega direito histórico.
A divergência remonta a 1950. Na época, ficou decidido que o campeão
carioca teria o direito de escolher onde posicionar a torcida e o Vasco
optou pelo lado direito às cabines de imprensa. Em 2013, porém, o
Fluminense assinou um contrato com o consórcio que administra o estádio
que definiu que o Tricolor utilizaria o setor sul do estádio, à direita
das cabines, e o Flamengo, o setor norte.
Desde a reabertura do Maracanã, foram disputados nove clássicos entre
Flu e Vasco no estádio. Em todos eles, apesar dos imbróglios,
independentemente do mandante, a torcida tricolor ocupou o Setor Sul.