Algumas das principais categorias de alimentos industrializados ficaram de fora do acordo de redução do uso de açúcar assinado entre o Ministério da Saúde e os fabricantes. Balas, chocolates, sorvetes, refrescos em pó, gelatinas, barrinhas de cereal, geleias e cereais matinais não foram incluídos.
Muitos produtos líderes de vendas escaparam do esforço de reformulação, porque já têm menos açúcar do que o combinado entre o poder público e as associações que representam o setor privado.
"Se fosse um acordo forte, a indústria não aceitaria. Lutaria contra, como está lutando contra as medidas regulatórias que vêm sendo adotadas no mundo todo para lidar com a questão da obesidade", diz Mélissa Mialon, pesquisadora de práticas corporativas e integrante do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens).
A previsão do governo é retirar 144 mil toneladas desses produtos até 2022, o que corresponde a uma redução de cerca de 1,5 do açúcar consumido pelos brasileiros.
Outro ponto de críticas é que o acordo tem caráter voluntário e não prevê punição em caso de descumprimento das metas.
Para o consumidor, será difícil fiscalizar, uma vez que as empresas não são obrigadas a informar o percentual de açúcar nas embalagens e o acordo não prevê mudanças nesse sentido. Obrigar a indústria a incluir informação sobre excesso de sal, açúcar e gordura nas embalagens, calcula a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), acarretaria em perdas de R$ 100 bilhões para o setor.
Mas a medida já é adotada, com variações, em países como Chile, Uruguai, Peru, Canadá e Israel e é estudada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Daniela Canella, professora do Instituto de Nutrição da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), é cética quanto à possibilidade de sucesso do acordo de redução do açúcar. "A reformulação poderia compor uma estratégia mais ampla, de regulação de marketing, regulação de preços e rotulagem", afirma.
Como exemplo do que pode acontecer em relação ao acordo do açúcar, Daniela cita o caso do acordo de redução de sal, firmado em 2011.
"A história do sódio mostra isso. O Brasil fazer ou não fazer o acordo sobre o açúcar tem um efeito praticamente inócuo", continua Daniela Canella. Em 2006, o Vigitel, um inquérito telefônico atualizado anualmente pelo Ministério da Saúde, acusava 22,6% dos brasileiros com hipertensão, um dos principais problemas de saúde associados ao consumo excessivo de sal. Em 2017, o índice havia passado a 24,3%.
"Nos anos 1990 esse tipo de acordo poderia ser visto pelos governos como algo bom. Mas agora estamos em 2018 e há inúmeros exemplos mostrando que essas iniciativas não funcionam", diz Mélissa Mialon.
Alguns alimentos que ficarão de fora do acordo, por não estarem contemplados nas cinco categorias estabelecidas pelo termo, ou por terem menos açúcar do que o "corte" definido são:
Nescau: o achocolatado mais consumido do país tem 75% de açúcar, frente uma meta de 85% para 2022
Danoninho: líder na categoria petit suisse, tem 12,25%, contra uma meta de 13,9% para 2022. O segundo mais vendido, Chambinho, tem 14%.
Trakinas: líder em biscoitos recheados, leva 36,3%, apenas 0,1% abaixo da meta de 36,4%
Wafer Amandita: segundo na categoria wafers, tem 39,6%, contra uma meta de 46,6%
Toddynho, líder em leite achocolatado, leva 12% de açúcar, contra uma meta de 12,9%
Coca-Cola: tem 10,5 gramas de açúcar para cada 100 mililitros. Ela já escapa hoje, por 0,10 grama, da meta estabelecida para refrigerantes em 2022, de 10,6 gramas
Chocolates: não são mencionados no acordo
Sorvetes: não são mencionados no acordo
Sucos em pó: não são mencionados no acordo
Gelatinas: não são mencionadas no acordo
Barrinhas de cereal: não são mencionadas no acordo
Cereais matinais: não são mencionados no acordo.
Muitos produtos líderes de vendas escaparam do esforço de reformulação, porque já têm menos açúcar do que o combinado entre o poder público e as associações que representam o setor privado.
"Se fosse um acordo forte, a indústria não aceitaria. Lutaria contra, como está lutando contra as medidas regulatórias que vêm sendo adotadas no mundo todo para lidar com a questão da obesidade", diz Mélissa Mialon, pesquisadora de práticas corporativas e integrante do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens).
A previsão do governo é retirar 144 mil toneladas desses produtos até 2022, o que corresponde a uma redução de cerca de 1,5 do açúcar consumido pelos brasileiros.
Outro ponto de críticas é que o acordo tem caráter voluntário e não prevê punição em caso de descumprimento das metas.
Para o consumidor, será difícil fiscalizar, uma vez que as empresas não são obrigadas a informar o percentual de açúcar nas embalagens e o acordo não prevê mudanças nesse sentido. Obrigar a indústria a incluir informação sobre excesso de sal, açúcar e gordura nas embalagens, calcula a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), acarretaria em perdas de R$ 100 bilhões para o setor.
Mas a medida já é adotada, com variações, em países como Chile, Uruguai, Peru, Canadá e Israel e é estudada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Daniela Canella, professora do Instituto de Nutrição da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), é cética quanto à possibilidade de sucesso do acordo de redução do açúcar. "A reformulação poderia compor uma estratégia mais ampla, de regulação de marketing, regulação de preços e rotulagem", afirma.
Como exemplo do que pode acontecer em relação ao acordo do açúcar, Daniela cita o caso do acordo de redução de sal, firmado em 2011.
"A história do sódio mostra isso. O Brasil fazer ou não fazer o acordo sobre o açúcar tem um efeito praticamente inócuo", continua Daniela Canella. Em 2006, o Vigitel, um inquérito telefônico atualizado anualmente pelo Ministério da Saúde, acusava 22,6% dos brasileiros com hipertensão, um dos principais problemas de saúde associados ao consumo excessivo de sal. Em 2017, o índice havia passado a 24,3%.
"Nos anos 1990 esse tipo de acordo poderia ser visto pelos governos como algo bom. Mas agora estamos em 2018 e há inúmeros exemplos mostrando que essas iniciativas não funcionam", diz Mélissa Mialon.
Alguns alimentos que ficarão de fora do acordo, por não estarem contemplados nas cinco categorias estabelecidas pelo termo, ou por terem menos açúcar do que o "corte" definido são:
Nescau: o achocolatado mais consumido do país tem 75% de açúcar, frente uma meta de 85% para 2022
Danoninho: líder na categoria petit suisse, tem 12,25%, contra uma meta de 13,9% para 2022. O segundo mais vendido, Chambinho, tem 14%.
Trakinas: líder em biscoitos recheados, leva 36,3%, apenas 0,1% abaixo da meta de 36,4%
Wafer Amandita: segundo na categoria wafers, tem 39,6%, contra uma meta de 46,6%
Toddynho, líder em leite achocolatado, leva 12% de açúcar, contra uma meta de 12,9%
Coca-Cola: tem 10,5 gramas de açúcar para cada 100 mililitros. Ela já escapa hoje, por 0,10 grama, da meta estabelecida para refrigerantes em 2022, de 10,6 gramas
Chocolates: não são mencionados no acordo
Sorvetes: não são mencionados no acordo
Sucos em pó: não são mencionados no acordo
Gelatinas: não são mencionadas no acordo
Barrinhas de cereal: não são mencionadas no acordo
Cereais matinais: não são mencionados no acordo.