Pouca proteína e muito carboidrato é chave para mente saudável, diz estudo

Comer carboidratos pode fazer bem à memória 

Uma nova pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, sugere que uma dieta com pouca proteína e rica em carboidratos pode ser uma alternativa para preservar a saúde do cérebro e prevenir o declínio cognitivo.

O estudo, publicado no periódico Cell Reports, fez testes com camundongos de 15 meses de idade. Os pesquisadores alimentaram os animais com carboidratos complexos derivados de amido e caseína, um tipo de proteína normalmente encontrada em laticínios.

Os ratos tinham acesso irrestrito à dieta rica em carboidratos, mas apenas 5 a 10% da dieta era composta de proteínas. Enquanto isso, os pesquisadores restringiam a ingestão calórica de um grupo diferente de camundongos em 20%.

A equipe comparou os efeitos dessas dietas na biologia do hipocampo, uma área do cérebro envolvida na formação da memória. Eles também avaliaram as memórias dos roedores e habilidades cognitivas usando labirintos e testes envolvendo o reconhecimento de novos objetos.

"O hipocampo é geralmente a primeira parte do cérebro a se deteriorar com doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer", diz David Le Couteur, professor de medicina geriátrica na universidade e autor sênior do estudo. "No entanto, a dieta com pouca proteína e alto teor de carboidratos pareceu promover a saúde e a biologia do hipocampo nos camundongos, em algumas medidas até um grau ainda maior do que aqueles na dieta de baixa caloria", acrescenta ele.

O labirinto e os novos testes de reconhecimento de objetos registraram "melhorias modestas" para ambos os grupos de ratos.
Tratamento para demência

Estudos anteriores indicaram que dietas com baixo teor de proteínas e carboidratos melhoravam a longevidade, assim como a restrição calórica. No entanto, a comunidade médica ainda não tinha certeza se tipo de plano alimentar também beneficiava o cérebro. "Temos quase 100 anos de pesquisa de qualidade exaltando os benefícios da restrição de calorias como a dieta mais poderosa para melhorar a saúde do cérebro e retardar o aparecimento de doenças neurodegenerativas em roedores", explica Devin Wahl, que conduziu a pesquisa.

"O problema a maioria das pessoas tem dificuldade em restringir as calorias, especialmente nas sociedades ocidentais, onde a comida é tão livremente disponível", diz Wahl.

No novo estudo, os pesquisadores observam que dietas com baixo teor de proteínas e carboidratos existem há séculos. "A dieta tradicional de Okinawa é de cerca de 9% de proteína, o que é similar ao que usamos nosso estudo, com fontes incluindo peixes magros, soja e plantas, com muito pouca carne", diz Le Couteur.

Os cientistas acreditam que a descoberta é importante em um momento em que não há tratamentos farmacêuticos eficazes para a demência. "Podemos retardar essas doenças, mas não podemos detê-las. Por isso é emocionante começarmos a identificar dietas que estão afetando o envelhecimento do cérebro", diz Wahl.