11 problemas que você pode ter se tomar bebida alcoólica todos os dias

 

A maioria das pessoas sabe o quanto o álcool é prejudicial à saúde, mas não liga muito pois não exagera na bebida, só toma uma ou duas latinhas no fim do dia para relaxar, e um pouco mais no fim de semana para curtir a vida.

Pois saiba que mesmo bebendo só esse "pouquinho" você pode ter problemas de saúde."Não existe uma quantidade comprovadamente segura para o consumo de álcool, só um limite indicado para reduzir o risco de doenças em quem escolhe fazer uso desses produtos", explica a médica Carolina Hanna, psiquiatra do núcleo de álcool e drogas do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.


A recomendação varia, mas um bom limite é que as mulheres não tomem mais de uma dose por dia e os homens duas, além de não beber mais de cinco vezes por semana --alguns órgãos de saúde "liberam" 10 doses semanais para o sexo feminino e 15 para o masculino. Como uma dose, entenda uma lata (330 ml) de cerveja, uma taça (100 ml) de vinho ou um copo (30 ml) de destilado.

Veja os problemas mais comuns que o organismo pode sofrer quando essa quantidade é ultrapassada regularmente.
Obesidade

Bar e perda de peso são duas coisas que definitivamente não combinam. Dados recentes da Investigação Prospectiva Europeia sobre Câncer e Nutrição (EPIC) mostram que o consumo de álcool regular estimula o acúmulo de gordura corporal e o aumento da circunferência da cintura.

A bebida alcoólica é pobre nutricionalmente (não alimenta) e possui alto valor calórico: 1 grama de carboidrato ou proteína tem, mais ou menos, 4 calorias, enquanto a mesma de álcool tem 7 calorias. Uma lata de cerveja, por exemplo, fornece aproximadamente 150 calorias, praticamente o mesmo que um pão francês.

Além disso, o álcool eleva o nível de cortisol --o hormônio do estresse -- no organismo, isso tende a aumentar o desejo por comidas cheias de açúcar e gordura.
Depressão

Embora gere uma alegria inicial durante o uso, o álcool é uma substância depressora do sistema nervoso central. Seu consumo exagerado afeta diretamente o humor e contribuir para a redução de células no cérebro, o que pode levar a quadro depressivos.

"Além da toxicidade direta da bebida, a pessoa pode desenvolver depressão por ter constantes arrependimentos do que fez sob os efeitos do álcool", comenta Paulo Camiz, clínico geral e professor da Universidade de São Paulo (USP).
Perda de memória

Quando o sistema nervoso central é afetado, não é somente o humor que fica alterado. "O álcool tem efeito deletério na arquitetura cerebral, causando danos em estruturas importantes ligadas à memória", alerta Alessandra Diehl, psiquiatra e vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead).

Um estudo francês publicado no periódico The Lancet analisou 1 milhão de pessoas e descobriu que entre os 57 mil casos de demência de início precoce, em torno de 60% tinham relação com o consumo exagerado de álcool. "A ingestão demasiada da substância causa deficiência de algumas vitaminas, como a B1 (tiamina), e isso pode contribuir para o risco de demência alcoólica, um quadro grave e irreversível", alerta Diehl.
Fígado gorduroso e cirrose

O fígado é o responsável por metabolizar os nutrientes de tudo o que comemos e bebemos. Beber demais sobrecarrega o órgão, o que altera o metabolismo dos triglicerídeos, gerando um acumulo de gordura no fígado, doença chamada de esteatose hepática alcoólica.

"Esse fenômeno é identificado frequentemente em pacientes que consomem grandes quantidades de bebidas (mais de 6 doses por dia). Ela ocorre não apenas pela má nutrição associada ao alcoolismo, mas também pela hepatotoxicidade direta do álcool", comenta o médico Alexandre de Araújo Pereira, professor da pós-graduação em psiquiatria da Faculdade Ipemed de Ciências Médicas.

Até 40% das pessoas diagnósticadas com figado gorduroso desenvolvem cirrose, inflamação crônica irreversível do órgão, que altera sua capacidade de funcionar adequadamente.
Pâncreas doente

O abuso de álcool é a principal causa de pancreatite, que é a inflamação do órgão. "Em geral, ocorre com o passar de cinco a dez anos de consumo pesado e regular. A taxa de mortalidade de pacientes com pancreatite alcoólica é cerca de 36% mais elevada do que para a população geral", afirma Diehl.

Por conta da doença, o pâncreas para de desenvolver alguns hormônios essenciais ao organismo, como a insulina, levando a um quadro de diabetes tipo 2.
AVC (derrame)

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Pública, da Finlândia, mostrou que pessoas que consomem bebidas alcoólicas acima da dose recomendada pela OMS têm um risco 40% maior de derrame em comparação com aqueles que nunca bebem demais.
 
"Um dos fatores de risco mais importantes para o AVC é a elevação constante da pressão arterial, e o álcool em excesso pode contribuir com esse aumento", explica Pereira.
Cardiomiopatia

O efeito tóxico da bebida atinge o coração e, com o passar do tempo, dificulta a atividade de algumas enzimas nas células cardíacas, o que deixa o músculo cardíaco fraco e flácido: a chamada cardiomiopatia alcoólica. A doença dificulta a distribuição de sangue para o organismo e pode desencadear outros problemas, como dificuldade para respirar, fadiga, inchaço nas pernas e nos pés e até uma parada cardíaca.
Pneumonia e tuberculose

A bebida alcoólica interfere na produção de glóbulos brancos --responsáveis por combater as infecções no organismo -- e prejudica o sistema imunológico. Em curto prazo, é possível que isso faça com que as gripes e resfriados se tornem constantes. Mas, com o passar do tempo, doenças mais graves podem surgir, como pneumonia e tuberculose.

"O álcool tem um efeito supressor (tóxico) em toda a medula óssea, que faz com que ela produza menos sangue e, por consequência, reduza a quantidade de glóbulos brancos no corpo. Outro fator é quando o paciente apresenta problemas avançados de fígado. Por consequência de doenças no órgão, o baço acaba crescendo e sequestra os glóbulos brancos, os vermelhos e as plaquetas do sangue, o que diminuir as quantidades dessas células no organismo", explica Camiz.
Câncer

Segundo a OMS, vários tipos de tumores estão relacionados ao consumo de bebidas por um período prolongado, como o câncer de mama, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, fígado e intestino.

Além de ter um efeito cancerígeno, quando chega ao intestino, o álcool pode funcionar como solvente, facilitando a entrada de outras substâncias carcinogênicas para dentro das células", explica Pereira.