Os vereadores do Rio de Janeiro interrompem hoje (12) o recesso do meio
de ano para analisar a admissibilidade de pedidos de abertura de impeachment
do prefeito Marcelo Crivella (PRB) pelos crimes de responsabilidade e
improbidade administrativa. Ele é acusado de oferecer supostas vantagens
aos fiéis da Igreja Universal, da qual é pastor licenciado, durante uma
reunião no Palácio da Cidade.
Os 51 vereadores foram convocados pelo presidente da Câmara
Municipal, Jorge Felippe (MDB), para uma sessão extraordinária, às 14h.
A suspensão do recesso parlamentar ocorreu após a oposição conseguir a
assinatura de 17 vereadores, mínimo necessário. Os pedidos foram
protocolados pelo vereador Átila Nunes (MDB) e pelo deputado estadual
Marcelo Freixo (PSOL) junto com o diretório municipal do partido.Para a abertura do processo de impeachment, são necessários 34 votos. A oposição conta com a pressão popular nas galerias para influenciar o voto dos indecisos. Já a bancada do governo afirma ter votos suficientes para barrar a medida, classificada como “política e eleitoreira”.
Caso seja instaurado, o processo deve demorar cerca de 90 dias. O regimento atual não deixa claro por quanto tempo o prefeito teria de ser afastado durante a investigação. No caso do Rio de Janeiro, a situação é complexa porque o vice-prefeito, Fernando Mac Dowell, morreu em maio deste ano. Um parecer da Procuradoria Geral do Município sobre a tramitação de processo de impeachment e substituição de vice-prefeito será publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial. O documento será analisado pelos vereadores no início da sessão.
Entenda o caso
No último dia 4, Marcelo Crivella fez uma reunião secreta no Palácio da Cidade com mais de 250 pessoas. Na ocasião, o prefeito do Rio afirmou, segundo gravações divulgadas pelo jornal O Globo, que poderia resolver problemas dos fiéis, como agilizar o acesso a cirurgias de catarata, varizes e vasectomia. Ele disse que contratou 15 mil cirurgias de catarata para serem realizadas até o final deste ano e chegou a indicar dois de seus assessores para resolver os problemas. Marcelo Crivella também se dispôs a desenrolar pagamentos de IPTU atrasados das igrejas. “Nós temos de aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na prefeitura para fazer esses processos andarem”, afirmou.Em nota, a prefeitura do Rio afirmou que o encontro entre Crivella e os evangélicos teve como objetivo prestar contas e divulgar serviços, como mutirão de cirurgias de catarata e varizes, e que não há qualquer irregularidade na ação do prefeito em indicar uma assessora para orientar a população. Em outro comunicado, Marcelo Crivella disse entender que “protocolar pedido de impeachment faz parte do jogo político da oposição” e que “tem certeza que tanto a Câmara de Vereadores quanto o Ministério Público vão saber separar o que é realidade do que é manipulação nesse caso”.